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ACAP

“Há uma perseguição ao sector automóvel. Vem-se sempre aqui buscar receita”

03 fev, 2016 - 12:28

O automóvel e os produtos petrolíferos deverão ficar mais caros com o novo Orçamento entregue a Bruxelas. Ambos os sectores falam de efeitos recessivos.

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As negociações com Bruxelas obrigaram o Governo a inscrever mais medidas do lado da receita e um dos sectores atingidos com uma subida de impostos é o automóvel. A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) diz que o aumento da carga fiscal neste sector "é um completo absurdo” e que vai até retirar receitas ao Estado.

O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal, Hélder Barata Pedro, queixa-se de falta de equidade com outras áreas de actividade económica. “Parece que não há outros sectores, vem-se sempre buscar receita ao automóvel. Não há equidade fiscal, até há sectores em que se propõe reduzir os impostos num momento difícil para o país”, sublinha, em declarações à Renascença.

Segundo o líder associativo, o sector automóvel já tem uma das mais elevadas cargas fiscais e há uma dupla tributação sobre os carros em que o IVA incide sobre Impostos Sobre Veículos (ISV).

Barata Pedro alerta ainda para um efeito perverso da medida para o Estado: “Só no ISV e IUC (Imposto Único de Circulação) ultrapassamos os mil milhões de euros e já chegamos ao ponto em que qualquer agravamento de impostos leva a que a receita desça”.

A ACAP diz que o Governo deveria ter em consideração que o país é também um produtor nesta área e que a “perseguição sistemática ao sector automóvel afasta investidores”.

Barata Pedro teme que aconteça no sector o mesmo que aconteceu nas crises de 2009 e 2102, em que fecharam milhares de empresas de todo o país e muitos trabalhadores perderam o trabalho. “Irá afectar os milhares de trabalhos do posto automóvel e as PME”, refere.

Combustíveis a subir… a subir

Para o secretário-geral da Associação Portuguesa de Produtos Petrolíferos (APETRO), António Cumprido, aumentos de impostos “nunca são bem-vindos para ninguém”. Ainda mais num sector em que dois terços do preço na gasolina e 60% do gasóleo são relativos a impostos.

“Esta é uma decisão política, não é económica. Não há qualquer racional económico”, defende Cumprido à Renascença.

Para a APETRO, esta medida apenas reforçará a assimetria dos valores de impostos sobre o sector com Espanha.

“Quem vai suportar este aumento de impostos é a população em geral, quer as empresas, quer os consumidores. Não podemos considerar que o transporte rodoviário, mesmo o de passageiros, seja algo supérfluo ou de luxo”, conclui.

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  • Eborense
    03 fev, 2016 Évora 18:15
    Diz a Catrina do Berloque que os salários são intocáveis. Pois são, mas mesmo subindo alguma coisa vão ficar menores com este aumento de impostos, ou os salários das pessoas não servem para comprar bens, sejam eles de consumo ou não? Até a Catrina já quer fazer os portugueses de atrasados mentais! Consegue, mas só em 10%.
  • Antes aí
    03 fev, 2016 lx 17:03
    do que aos nossos bolsos, aos cortes de salarios e pensões e demais rendimentos das familias! Quem adquire os automóveis, que se esforce mais um pouco!...
  • Barbeiro
    03 fev, 2016 Braga 16:47
    Já estamos a precisar de outro Salazar e de uma nova PIDE. Em que eram levados para investigação, e não apareciam mais .Esses não voltavam a fazer das suas. Estámos a faltar au respeito para com nós mesmos e para com os nossos
  • Oliveira
    03 fev, 2016 Monte Real 14:50
    Gostava de ouvir o Jerónimo Sousa e a Catarina Martins a comentar estas medidas.
  • antonio
    03 fev, 2016 lisboa 14:44
    Dou os meus sinceros parabéns ao PS. conseguiu tornar o BE e PCP em verdadeiros macaquinhos. Não ver, não ouvir, não falar. Começam por aumentar impostos sobre combustíveis, IVVA, e o que a seguir vier. É fartar vilanagem...
  • André
    03 fev, 2016 Lisboa 14:38
    A nível dos carros, não tenho qualquer problema... basta ver que em 2014 venderam-se mais de 18000 automóveis com valor acima de 126000 euros em Portugal. O que nos coloca ao nível dos países onde o ordenado mínimo está nos 3000 euros mensais. Por isso, nada de grave. A nível dos combustíveis, as petrolíferas continuam a apresentar lucros de 63% na venda, o que dá margem para baixarem para compensar o aumento. Em Espanha, o ISP também subiu para o triplo e as gasolineiras locais suportaram 50% dessa subida. Cá em Portugal, são os clientes que os suportam, pois as empresas têm de manter os lucros, para poderem andar a dar prémios de 734 milhões de euros aos seus dirigentes. Se o consumo descer, lá se vão os prémios. Reduzam os lucros, ajudam o estado e fica tudo na mesma.
  • tinicom
    03 fev, 2016 Porto 14:36
    Concordo. Daqui a pouco nem a classe média um dia pode ter um automovel. Somos escravos de quem está e esteve no poder.Nos subsidios, ajudas de custo, avenças, viagens, motoristas , reformas ,ordenados, instalações, etc. não podem poupar porque os afecta!Para alguns tudo, para outros nada.
  • joao
    03 fev, 2016 coimbra 14:20
    não era este Sr. Costa que, de dedo em riste, acusava o Sr. Passos de prometer não aumentar impostos e de o ter feito mal chegou ao Governo?... e então, agora dá com uma mão e tira com as duas? onde está a palavra desta gente? (áh , a culpa é da UE... pois é!)
  • Rui Miguel dos Santo
    03 fev, 2016 Guarda 13:56
    São boas medidas. Quase todos os automóveis vendidos em Portugal são importados e o seu uso implica a utilização de petróleo, também ele importado. Não sendo possível criar taxas alfandegárias, é correcto aumentar os impostos dos produtos importados. Mas é necessário que esta receita adicional seja aplicada a melhorar a mobilidade das pessoas, através de investimos em transportes públicos e na melhoria das ruas para os peões e ciclistas.
  • Paulo
    03 fev, 2016 vfxira 13:53
    Será que haverá esperança para este pobre país?Impostos e mais impostos,taxas e outras,desemprego,emigração,pequenas empresas a fecharem,lojas de rua a desaparecerem,a justiça não funciona,a corrupção é sempre a noticia do dia,mas nunca há ninguém condenado e muito menos preso,é sempre a tirar ao povo milhares de milhões de euros para a banca,e os banqueiros continuam sempre bem depois de terem feito as falcatruas,etc...etc....Deve ser muito difícil voltar a ter esperança neste país,só os políticos, os banqueiros,a lavagem de dinheiro estranjeiro(segundo o que se vai lendo nas noticias) é que vivem bem e com todas as regalias.Precisávamos de um 25 de qualquer coisa,mas a sério.

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