23 fev, 2016 - 12:57
O PCP vai apresentar um projecto de resolução, uma recomendação ao Governo, para a nacionalização do Novo Banco, anunciou esta terça-feira no parlamento o deputado comunista Manuel Tiago.
"O PCP apresenta hoje
mesmo uma proposta de nacionalização do Novo Banco e da sua manutenção na
esfera pública. É fundamental que, já que pagámos o banco, ao menos que
fiquemos com ele", afirmou o deputado comunista Miguel Tiago, no segundo
dia de debate em plenário da proposta de Orçamento do Estado para 2016
(OE2016).
O deputado do PCP colocou ainda várias questões sobre a Caixa Geral de
Depósitos (CGD), interrogando o ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre o
banco: "Qual é a avaliação que o Estado faz das necessidades de capital da
CGD? Qual o cabimento orçamental que está neste momento preparado para poder
ser colocado a disposição de uma capitalização da CGD?"
Miguel Tiago considerou que
"a Caixa infelizmente tem vindo a ser gerida ao sabor das necessidades do
sistema financeiro privado", em vez do "interesse nacional".
Lembrando notícias que dão conta da instabilidade de outras instituições
bancárias em território nacional, o deputado do PCP interrogou: "qual é a
dimensão dos recursos públicos que o Governo equaciona colocar à disposição das
instituições?".
"Não pode acontecer um novo caso Banif, caso BES/Novo Banco, nos próximos
anos. Porque isso revelou o Estado a ser utilizado como instrumento de extorsão
dos portugueses para pagar os erros dos banqueiros", considerou Miguel
Tiago.
Na resposta ao deputado, o ministro das Finanças reiterou que a estabilização
do sistema financeiro "é uma enorme preocupação deste Governo".
Sobre a CGD, Mário Centeno disse que é "muito importante para o Governo,
não só a capitalização, mas a resolução de problemas estruturais da CGD",
que serão tratados com "enorme sentido de responsabilidade" pelo
executivo socialista.
Numa entrevista publicada esta segunda-feira pelo “Diário Económico” e à Antena 1, o economista Vítor Bento admitiu que a nacionalização do Novo Banco poderá ser “uma saída possível” para resolver o problema daquela instituição financeira, considerando que “a venda não será já muito favorável”.
O ex-presidente do Novo Banco e conselheiro de Estado considera que o futuro da instituição depende de “uma opção política”. “Mas, pelo que se tem visto, a venda não será já muito favorável. Até porque estamos num momento de vulnerabilidade da banca”, alertou.