02 mar, 2016 - 15:10
Existem riscos no Orçamento do Estado e estão devidamente identificados, explica a presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Numa conferência em Lisboa, Teodora Cardoso lembrou que o documento vai vigorar apenas seis meses e ainda não tem a base de política orçamental de longo-prazo, que só será dada no programa de Estabilidade e Crescimento, que será entregue a Bruxelas em Abril.
Um dos riscos identificados é o aumento dos impostos indirectos, por oposição aos impostos directos.
“Em princípio a ideia está correcta”, diz Teodora Cardoso, mas ressalva: “Como é que os agentes económicos vão reagir no curto prazo e a médio-longo prazo é uma incógnita, é uma coisa que mencionamos como um dos riscos.”
“O próprio cenário macroeconómico tem riscos que têm a ver até com o cenário internacional, que está em mudança. Portanto há um conjunto de variáveis que no curto prazo são difíceis de fixar e que implicam riscos”, acrescenta.
Já Daniel Bessa concorda com o aumento dos impostos indirectos e diz que até ia mais longe.
O ex-ministro da Economia do Governo PS afirmou esta quarta-feira de manhã, na mesma conferência, na fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que a opção do Governo faz sentido, transferindo o peso dos impostos do trabalho para o consumo.
Quanto ao resto, todavia, Daniel Bessa foi muito crítico. “Eu sou um derrotado e o melhor que posso fazer é calar-me. A coisa está entregue a pessoas que mais que acreditam nas virtualidades do Orçamento do Estado, que é o Governo.”
“O secretário de Estado fez uma apresentação eloquente, eu diria eloquentíssima das virtualidades do Orçamento do Estado. Tenho até a obrigação de felicitar o Governo porque este discurso tem vindo a ser muito aprimorado”, disse, perante os risos dos presentes.