Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Empresas públicas condenadas a pagar até 1,8 mil milhões de euros

04 mar, 2016 - 11:29 • Sandra Afonso

É uma derrota de Maria Luís Albuquerque. Quatro empresas públicas de transportes foram condenadas pelo Commercial Court de Londres a pagar até 1,8 mil milhões de euros ao Santander Totta.

A+ / A-

Quatro empresas públicas de transportes foram condenadas pelo Commercial Court de Londres a pagar até 1,8 mil milhões de euros ao Santander Totta. A notícia, avançada esta sexta-feira, pelo “Diário de Notícias”, foi confirmada à Renascença por fonte oficial do banco.

De acordo com um comunicado do Santander, o tribunal de Londres decidiu a favor do banco contra o Estado português, que cancelou nove contratos “swap” em 2013. Maria Luís Albuquerque, primeiro como secretária de Estado, depois como ministra das Finanças, considerou estes contratos de empréstimo inválidos.

Os contratos foram fechados com quatro empresas públicas. O Metro de Lisboa, o Metro do Porto, a Carris e a STCP. O Governo argumentou que não estavam capacitadas para celebrar este tipo de negócios.

No entanto, o Tribunal de Londres refere agora que todas as partes tinham boa razão para crer que os contratos serviriam os melhores interesses das empresas públicas.

De acordo com o Santander Totta, a 1 de Outubro de 2015, o valor em falta era de 272,5 milhões de euros.

As perdas potenciais no final dos 15 anos de vigência destes contratos "swap" podem ascender a 1,8 mil milhões de euros, a preços actuais. OTribunal vai definir o valor exacto a pagar até ao dia 23 deste mês.

Ao que a Renascença apurou, a possibilidade de recurso não está afastada, mas deverá ser parcial, limitada a questões de direito internacional.

Quanto valem os 1,8 mil milhões que Portugal pode ter que pagar ao Santander?

“Menos de três meses depois do encerramento da audiência de julgamento, o Commercial Court de Londres emitiu uma sentença exaustivamente fundamentada, dando integral ganho de causa ao Banco Santander Totta”, refere o comunicado do banco.

Com esta factura agrava-se o défice. A boa notícia é que em contabilidade nacional, a que conta para Bruxelas, o valor é diluído pelo tempo de duração dos contratos.

A Renascença já contactou o Ministério das Finanças para saber se haverá recurso e qual vai ser o impacto desta sentença nas contas públicas.

Um caso antigo

A polémica dos “swaps” já remonta ao Governo de Sócrates, era ministro das Finanças Teixeira dos Santos. Na origem está a queda abrupta da taxa Euribor, no final de 2008.

Os “swaps” são empréstimos associados a uma variável, como os juros, o preço do petróleo ou outra. Com a descida dos juros, as perdas potenciais dos contratos dispararam.

Ao contrário do que tinha recomendado a própria Direcção Geral do Tesouro e Finanças, foi decidido que as empresas públicas deviam reportar à tutela a celebração dos contratos 'a posteriori'. A decisão que travou a celebração de novos contratos só chegou em Junho de 2011, quatro dias depois das eleições legislativas, quando as perdas potenciais já tinham chegado aos 1.600 milhões de euros.

O Governo PSD/CDS decidiu negociar com os bancos. Só em 2013 cancelou 69 contratos “swap”, pelos quais pagou mais de mil milhões de euros, mas não chegou a acordo com todos – alguns acabaram em tribunal.

Os polémicos “swap” motivaram também a abertura de uma comissão de inquérito, que terminou de forma inconclusiva.

[notícia actualizada às 18h18]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Fernando
    04 mar, 2016 Arzila 20:35
    Se eu cometer um ato tenho que responder sobre ele porque não responde também esta senhora mas eu sempre vi que nós não tínhamos um governo mas sim aprendizes de governantes
  • Ó Alberto
    04 mar, 2016 Lis 17:16
    Vê-se bem o Pafoso que és! Nem mereces o ar que respiras. Sacanagem!
  • Vão buscar
    04 mar, 2016 Pt 17:12
    À conta bancaria da Maria Luis e se não tiver para pagar deve ser penhorada de imediato! Não era o que ela fazia com os outros? Neste caso é o dinheiro dos contribuintes que está em causa!
  • Zeca
    04 mar, 2016 Vidago 16:04
    A PAF é o cancro deste país.
  • tuagtento
    04 mar, 2016 amarante 13:44
    Não são as empresas publicas que vão pagar, somos nós contribuintes que vamos pagar mais um devaneio, mais um acto de gestão danosa, ruinosa dos dinheiros públicos, por gestores corruptos e incompetentes, protegidos por políticos igualmente corruptos e incompetentes.
  • Pedro Beja
    04 mar, 2016 Beja 13:06
    Como é que contratos do Estado Português tem como foro Londres? Coisas do liberalismo. E dos Pafiosos.
  • Alberto
    04 mar, 2016 Funchal 12:59
    Porque não é "cartaz" o AUMENTO DE IMPOSTOS, o Preço Estúpido dos combustíveis?
  • Pinto
    04 mar, 2016 Custoias 12:11
    A ex ministra é a responsável, agora somos todos que vamos pagar 1,8 mil milhões de euros . É assim a política e a democracia? Faz-se o que se quer e não são responsáveis? Se justiça e a política é assim, então também vou para a política.
  • Pedro Ribas
    04 mar, 2016 Nazaré 11:57
    Depois falem da reversão da TAP, dos STCP, da Carris, do ML...PAF=governo de nódoas
  • Fernando
    04 mar, 2016 Lisboa 11:51
    Bem o governo paf é sempre a somar em dividas para os portugueses pagarem e ainda vamos no inicio de Março.

Destaques V+