11 mar, 2016 - 21:13
As deslocações a Espanha para abastecer não se evitam com apelos ao civismo dos portugueses. A associação nacional de revendedores de combustíveis (ANAREC) desafia o ministro da Economia a passar das palavras aos actos e a baixar o imposto sobre os produtos petrolíferos.
Esta sexta-feira, em Famalicão, o ministro Caldeira Cabral apelou ao “civismo” da população da fronteira com Espanha, pedindo-lhe para que não abasteça os depósitos dos seus carros nos postos do país vizinho.
Na resposta, João Santos, presidente da ANAREC desafia o Governo a recuar na decisão de aumentar o Imposto sobre os produtos petrolíferos.
“Ele tem de passar das palavras aos actos. Há uma maneira muito fácil e ele sabe qual é. Ele devia ter ouvido a ANAREC e alguém do sector. Agora não vai ser com palavras que ele vai convencer os portugueses. Vamos ter que nos sentar à mesa e reverter uma medida que é injusta e que é cruel e que está a causar graves problemas. Eu também faço o mesmo apelo aos portugueses mas de certeza que não é pelo facto do Sr. Ministro ou eu fazermos o apelo que os portugueses deixam de ir abastecer a Espanha”, disse.
A ANAREC e outras associações ligadas ao sector dos transportes já pediram uma reunião ao ministro da Economia e João Santos diz que basta uma simples conta de somar para se perceber que o Estado vai perder receita com o aumento do ISP.
“Nós estamos em conversações com essas associações e garantidamente que temos que chegar aqui a um consenso porque o que se avizinha vai ser mau demais para todos nós. O senhor ministro da economia vai ter que perceber isto e eu acho que ele já percebeu, e ainda bem: qualquer merceeiro neste momento consegue fazer contas para provar que ficando os impostos em Espanha o Governo não os vai arrecadar”, acrescenta.
Entretanto, os preços dos combustíveis deverão voltar a aumentar no arranque da próxima semana.
Tanto a gasolina como o gasóleo ficarão mais caros nos postos de abastecimento nacionais perante a escalada das cotações do barril de petróleo. O brent que serve de referência para o mercado europeu termina a semana com o preço do barril acima dos 40 dólares.