06 abr, 2016 - 07:51 • Filipe d'Avillez
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A 6 de Abril de 2011, depois das 20h30, o então primeiro-ministro, José Sócrates, falou ao país e confirmou o pedido de ajuda à troika "de forma a garantir as condições de financiamento". Cinco anos depois e após uma “saída limpa”, há quem levante novamente o espectro de um novo resgate.
É o caso do eurodeputado do PSD Paulo Rangel, que diz temer que o executivo de António Costa conduza o país de volta à situação em que se encontrava em 2011.
“Ao ver o actual Governo do PS, com a esquerda radical, a tomar uma política muito facilitista, a reverter tudo, a querer desfazer num ano tudo aquilo que foi feito no passado, receio que vamos por um caminho que volta a ser um caminho errado e que nos pode levar a problemas no futuro. Depois, já sabemos: quem paga a factura são os portugueses”, diz à Renascença.
Para Paulo Rangel, o resgate foi um “período muito difícil para Portugal”, que mostrou “a falência das políticas socialistas” que levaram “o país praticamente à bancarrota”. Mas foi também uma altura em que Portugal ganhou “credibilidade”.
“A credibilidade do país de 2011 para 2015 alterou-se globalmente – e eu posso dizê-lo como deputado europeu. Uma coisa era falar em 2011, quando Portugal estava numa situação de descrédito total perante as instituições europeias e internacionais e outra é em 2014, em que Portugal voltou a ganhar essa credibilidade e esse crédito”, insiste.
“A forma como Portugal enfrentou a crise afastou-nos definitivamente de qualquer semelhança com a Grécia, embora houvesse em comum o facto de serem sobretudo crises de competitividade da economia. Mas no caso português houve claramente uma ultrapassagem disso, no caso grego não houve”, analisa.
Plano B ou plano F?
O Governo de Sócrates insistiu várias vezes que o problema não tinha sido das suas políticas, mas sim de factores externos, que fugiam ao seu controlo. Uma tese que Rangel rejeita: “Aqueles que vêm desculpar-se com a ideia de factores externos esquecem que todos os países sofrem desses factores, mas uns foram à falência e outros não. Uns obrigaram os seus povos a ter de pagar um preço altíssimo e outros não.”
O que não implica, sublinha, que não existam factores estruturais da própria economia portuguesa que tenham contribuído para a crise. “Há problemas estruturais da economia portuguesa, que obviamente com dificuldades externas se mostram ainda mais, mas se as políticas que se seguem são as contrárias às que deviam ser seguidas evidentemente que Portugal fica extremamente débil.”
Numa altura em que a oposição alerta para o perigo de Portugal ter de vir a aplicar novas medidas de austeridade devido à política de reposição de rendimentos e reversões de entregas de empresas públicas a privados seguida por António Costa, Paulo Rangel diz não ter dúvidas que vai mesmo ter de haver ajustes, provavelmente já este mês ou no próximo.
“Com o despesismo que está instalado será necessário aumentar algum imposto”, prevê.
Mas não será um plano B, ironiza: “Em rigor já nem é o plano B, é o C, D, E ou F, porque o esboço de orçamento que apresentou o Governo há muito que foi ultrapassado e o orçamento que foi aprovado não tem nada a ver com as intenções iniciais do Governo, que eram extremamente imprudentes.”