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Conselho de Estado

Draghi elogia sacrifícios dos portugueses, mas anuncia que vêm aí mais reformas

07 abr, 2016 - 15:41

Presidente do BCE afirmou que se começam a ver "frutos" dos esforços em Portugal. Alertou ainda para a necessidade de reestruturação da dívida das empresas e elogiou a disponibilidade do Governo para um "plano B".

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O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse, esta quinta-feira, que os "esforços de reforma desenvolvidos por Portugal foram notáveis e necessários".

Na reunião do Conselho de Estado, para a qual foi convidado pelo Presidente da República, Draghi garantiu que se começam a observar "sinais claros de que esses esforços notáveis estão a dar fruto dentro e fora do país", mas não deixou de avisar que há mais mudanças estruturais para executar nos próximos anos.

“Para além de preservar o que já foi alcançado, são necessárias mais reformas no conjunto da área do euro, tal como indicado nas recomendações específicas por país de 2015, que identificam todos os anos quais são os principais objectivos com vista a responder às vulnerabilidades e à rigidez remanescentes”, explica o presidente do BCE.

Só assim, diz Draghi, os estados poderão evitar novos desequilíbrios e vencer a guilhotina da dívida.

Reestruturar a dívida… das empresas

Depois de o FMI, na quarta-feira, ter defendido que a contratação colectiva impediu que em alguns sectores as contratações tivessem caído menos do que em outros em que essa tipologia contratual não se aplicou,o presidente do BCE não deixou de opinar sobre o mercado laboral em Portugal.

“A melhoria do funcionamento do mercado de trabalho continua a ser fundamental neste aspecto, a fim de garantir uma rápida adaptação a choques ou alterações estruturais”, avançou Draghi, sublinhando que este domínio “permanece um importante desafio em Portugal”.

No lado do investimento, o presidente do BCE refere que é necessário que se incentivem as “empresas a investir”. O investimento pode ”também ser fomentado mediante uma resposta ao endividamento excessivo das empresas".

“A título de exemplo, aumentar a eficiência dos instrumentos de reestruturação da dívida poderia aliviar o esforço de empresas ainda viáveis, facilitando dessa forma os seus planos de investimento”, garante.

O que correu bem

Mario Draghi identificou um “crescimento dinâmico do emprego desde 2014”, o que “sugere que as reformas do mercado de trabalho estão a tornar a economia mais adaptável”.

“A melhoria das condições empresariais ou a redução dos custos de exploração dos portos são apenas duas das medidas, de entre uma longa lista, que aumentaram a competitividade do país”, identificou, acrescentando-lhes ainda “a taxa de abandono escolar precoce”, que baixou “para quase metade do seu valor, desde 2009”.

Estes sinais levam a que a recuperação em Portugal, segundo Draghi, acompanhe o mesmo ritmo de crescimento que o conjunto da área do euro e que o desemprego apresente uma tendência claramente descendente.

Sinais positivos, mas o plano B pode chegar

Draghi sublinha que ainda assim os sinais de retoma da área do euro e de Portugal “não devem dar azo a comprazimento”. E um dos sinais de maior inquietude vai para os elevados níveis de desemprego jovem.

“É um facto que, apesar de ser a geração com o nível de educação mais elevado de sempre, os jovens de hoje estão a pagar um preço alto pela crise. Em Portugal, mesmo agora, aproximadamente um terço da população activa jovem continua sem ter emprego. Tal prejudica seriamente a economia, porque estes jovens, que estão dispostos a trabalhar mas não encontram trabalho, estão a ser impedidos de desenvolver as suas competências. Para evitar criar uma 'geração perdida', precisamos de agir com rapidez”, sinaliza.

Draghi voltou a enfatizar que a margem orçamental para apoiar o crescimento é actualmente limitada. E acrescentou que as regras orçamentais não podem ser distendidas ao ponto de "perderem a credibilidade".

"Acolhemos igualmente com agrado o compromisso das autoridades portuguesas em preparar medidas adicionais, destinadas a ser implementadas quando necessário para assegurar a conformidade", rematou numa alusão ao "plano B" que o Governo será obrigado a fazer caso o cenário macroeconómico se altere ou a execução orçamental não for cumprida.

Comentários
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  • Jordan
    08 abr, 2016 Gaia 04:09
    Veja-se em que contexto se vive dentro da UE ( No seu passado no presente, e no seu futuro que nada se sabe ! ).O fato de pertencer à União Europeia garante aos cidadãos destes países uma série de benefícios. Entre eles, a possibilidade de circular livremente e de trabalhar em qualquer em um deles. Além disso, existe uma união monetária que envolve a utilização de uma moeda específica: o Euro. Cada país vive de forma independente apesar de ter firmado uma série de compromissos. Isto significa que qualquer tipo de obrigação não tem predominância de um país sobre o outro. Na verdade, a União Europeia se vê como a organizadora da organização, mas que respeita as decisões internas de seus membros. Como já citado, esta união se manifestou após a Segunda Guerra Mundial tanto nos países arrasados como nos vencedores devido aos prejuízos econômicos e ao forte aumento nos preços. Além disso, os ressentimentos surgidos causaram grande impacto nos anos subsequentes. É por isso que foi criada uma tomada de consciência para solucionar os problemas em comum, dada as enormes dificuldades evidenciadas. Nos últimos anos, a União Europeia atravessa uma grande crise devido ao endividamento de alguns de seus membros, circunstância que levou a um crescimento negativo por algum tempo. Este problema fez com que alguns países reduzissem os gastos públicos e a eliminar programas sociais, circunstância que agravou em parte a situação.
  • Fernando de Almeida
    08 abr, 2016 Porto 00:43
    Deve ser problema dos Marcelos.Com a vinda de Draghi la' se foi mais uma "PRIMAVERA MARCELISTA" ...Tal como o do passado o do presente não tem coragem de se assumir.Serviu-se de Draghi para vir dizer o que a sua falta de coragem não lhe permite. Tudo nele e' FALSO
  • Jose Joaquim Pacheco
    07 abr, 2016 Paredes 22:38
    Mr Mario Dragi, ao falar de questões genéricas, poderia/deveria falar das notícias do momento, isto é, dos "OFFCHORS" ilícitos que estão ligados umbilicalmente à UE e/ou a Bancos nela sediados. Enquanto não se "lembrarem" disso (e há várias maneiras de "atacar o problema), a "coisa" não andará/rolará bem; Deixe-mo-nos de planos "B,s" e de outras casmurrices da(s) ANA(s) e de outros ANAlfabetos(as) que andam por aí (por cá), ainda a fomentar a ideia da ilegitimidade do atual Governo - Lamentável ! A DonANA parece saber muito pouco de números, visto que considera que o atual Governo não foi eleito, mas eu posso garantir-lhe que 62 (%) é maior que 38 (%); já sei isto desde a Escola Primária, na m/ Aldeia (Louredo/Paredes); Mas não são "apenas" aqueles números (62 v 38); é que, e para que saiba: É NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA QUE SE FORMAM OS GOVERNOS ! (Como queria que fosse, D. ANA ?); cumprimentos minha "querida" ANA e a todos os seus apaniguados; "apareça quando quiser, ao dispor (J.Pacheco)
  • NL
    07 abr, 2016 Ermesinde 22:33
    Mesmo que antecipada a melhor reforma é a tua, Sr (?) Draghi. E vai para aquele sítio que os portugueses costumam mandar quem os atraiçoa.
  • rfm
    07 abr, 2016 Coimbra 21:57
    Não "devemos" ... quem deve que pague o que deve, nem que tenha que ir buscar de volta o dinheiro ao Panamá (?) Não é possível a banca estar como está e os b(r)anqueiros e ex b(r)anqueiros estarem como estão, a Europa deve ter mais vida para além de Dragui e do Junker, chefe jubilado do off shore de Luxemburgo. ... isto anda tudo ligado ...!?
  • Vasco
    07 abr, 2016 jose53.com@sapo.pt 20:36
    Poderei estar enganado e oxalá até estivesse, mas aquilo que me parece é que esta União Europeia, é bicéfala, melhor dizendo os povos do Norte com a Alemanha à frente serão a classe A e os do Sul a classe B, o que pretenderão os primeiros é implantar a maioria das suas fábricas no Sul da Europa para que os seus habitantes lá trabalhem muito e bem, que aufiram um salário e tenham reformas miseráveis , que não se possam manifestar, que a saúde e ensino público desapareçam, etc. etc. Em resumo, acho que aquilo que pretendem mesmo é que sejam os Sul a trabalhar e os do Norte a receber os lucros, ou seja os primeiros serem os D D T ( Donos Disto Tudo) e os do Sul não serão bem os seus escravos mas para lá caminham. Não foi por acaso que começaram até por destruir algumas das nossas principais estruturas económicas, V G a frota Pesqueira, porque seria? O melhor mesmo é mandá-los dar uma volta, mais vale só que mal acompanhado, temos muito para explorar no nosso País, designadamente o turismo as pescas alguma agricultura e industria, etc. BY! BY!
  • Americo
    07 abr, 2016 Leira 19:37
    É pá. Costa já deve estar arrependido de ter "concordado" com a vinda de Draghi. Querem melhor que ele pode elogiar Passos. Outra nota: "Acolhemos igualmente com agrado o compromisso das autoridades portuguesas em preparar medidas adicionais, destinadas a ser implementadas quando necessário para assegurar a conformidade" Costa diz que não.Em que ficamos ?
  • fanã
    07 abr, 2016 aveiro 19:23
    Mais austeridade, é o destino reservado a esta aldeia Portuguesa da Europa , seremos escravos da alta Finança ETERNAMENTE !.......... Amém Santo Draghi!
  • Americano
    07 abr, 2016 Uruguaio 17:46
    Para estes as reformas dão resultado só quando metade da população morrer com fome
  • Carlos
    07 abr, 2016 França 17:38
    "Estes sinais levam a que a recuperação em Portugal, segundo Draghi, acompanhe o mesmo ritmo de crescimento que o conjunto da área do euro e que o desemprego apresente uma tendência claramente descendente". POIS, VEJAM SÓ: "A taxa de desemprego (em Portugal) baixou para 12,6% em 2015 em consequência da melhoria do mercado de trabalho (?) e do decréscimo da população activa (0,6% em média) reflexo das tendências demográficas e migratórias". (Relatório da Comissão Europeia relativamente a Portugal - Bruxelas, 26/11/2015). Documento que aliás continua a prever a diminuição da taxa do desemprego, porque se mantém a evolução demográfica (envelhecimento da população) e a tendência emigratória. Como esta se dirige em grande parte à Zona Euro, se, nesta, o emprego aumenta também será com a mão-de-obra dos activos portugueses. Portugal está no bom caminho, porque, de facto tem o seu desemprego a diminuir, porque exporta trabalhadores, não porque aumente efectivamente o emprego e a sua produtividade internamente ! ... PARABÉNS PORTUGAL!

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