19 abr, 2016 - 15:43
A Santoro, "holding" controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos, negou esta terça-feira ter quebrado qualquer acordo com o CaixaBank, dado que o acordo "nunca foi finalizado".
Em causa está a redução do capital angolano no BPI – uma ordem de Bruxelas que continua por cumprir, porque os maiores accionistas (CaixaBank e Santoro) não se entendem.
Em comunicado divulgado esta terça-feira, a "holding" angolana afirma que "existiam ainda assuntos pendentes que deveriam ser solucionados, em relação aos quais o CaixaBank recusou, dias depois, a sua formalização – nomeadamente, a questão relacionada com a liquidez dos accionistas do BPI".
O comunicado acusa ainda o Governo português de "favorecer uma das partes", dizendo que o envolvimento do Governo português no processo que foi "construtivo" numa dada fase de conciliação, mas acabou por tomar "uma medida historicamente sem precedentes e declaradamente parcial com a aprovação do decreto-lei que favorece, uma das partes, no momento em que estas se encontravam em pleno processo negocial".
O decreto-lei em causa, identificado como "o diploma do BPI", permite desblindagem de estatutos e leva Isabel dos Santos a acusar o executivo português de favorecer os espanhóis.
BPI volta à bolsa, mas em queda
As acções do BPI regressaram, entretanto, esta terça-feira, à negociação, mas em forte queda. Os títulos caem mais de 7% e valem 1,10 euros, menos do que o preço oferecido pelo CaixaBanK na OPA (1,13 euros por acção).
As acções estavam suspensas há uma semana, desde dia 11 de Abril, depois de o CaixaBank e de a Santoro terem comunicado que tinham conseguido chegar a um entendimento.
A CMVM decidiu levantar a suspensão das acções do BPI, depois de o banco ter comunicado que não está a ser alvo de sanções por parte do BCE – um esclarecimento enviado pelo banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários sobre um conjunto de aspectos que têm sido objecto de notícias.
No comunicado desta terça-feira, Isabel dos Santos recorda que, na origem das negociações com o CaixaBank, estão as instruções do Banco Central Europeu (BCE) para que o BPI reduza a exposição ao risco angolano, uma vez que o sistema de supervisão é diferente do europeu.
As soluções apresentadas pela Santoro tinham esse objectivo, mas, segundo a angolana, o CaixaBank estava mais preocupado em reunir a maioria do capital do banco português, depois de ter falhado a primeira tentativa de OPA.