19 abr, 2016 - 06:50 • Fátima Casanova
As famílias que estão a ser acompanhadas pela Deco desde o início do ano têm em dívida mais de 54 milhões de euros. De acordo com os números a que a Renascença teve acesso, os pedidos de ajuda junto do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da Deco continuam a aumentar.
No primeiro trimestre do ano deram entrada mais de 7.400 pedidos de ajuda, mais do que em igual período do ano passado. Mas nem todas as famílias chegam em condições de ser ajudadas e apenas 623 estão a receber assistência.
Cada uma tem em média quatro créditos para pagar, com um encargo mensal na ordem dos 766 euros, para um rendimento médio de 1.106 euros.
Pelas contas da Deco, em média, cada uma daquelas famílias deve 88 mil euros, sendo que mais de metade do capital em dívida corresponde a um crédito à habitação.
“Em média e, no que concerne ao crédito à habitação, as famílias que pedem ajuda têm 63 mil euros de crédito à habitação, 18 mil euros de créditos pessoais e sete mil euros de cartões de crédito. Ou seja, em média uma família que pede ajuda à Deco tem uma dívida na ordem dos 88 mil euros. Estamos a falar de 623 famílias, o que dá mais de 54 milhões de euros em dívida”, contabiliza Natália Nunes, coordenadora do GAS.
O desemprego continua a ser a primeira causa para a aflição das famílias, mas esta especialista chama atenção para um grupo que começa a destacar-se: o de consumidor economicamente desprotegido, que conseguiu voltar ao mercado de trabalho, mas vive com precariedade pois tem rendimentos na ordem do salário mínimo nacional.
Bens penhorados aumentam
Também as penhoras de bens têm estado a contribuir para o sobreendividamento e em três anos, o número de casos mais do que duplicou.
A coordenadora do GAS denuncia a desproporção que muitas vezes existe entre o valor do bem a penhorar e o valor da dívida: “Uma família foi confrontada com uma execução que levou à penhora da casa por uma dívida e telecomunicações por uma dívida de 600 euros”, descreve Natália Nunes, sublinhado que são situações que aparecem com alguma frequência.
Todos os dias, três pessoas atendem presencialmente ou por telefone ( 21 371 02 38) os consumidores com problemas relacionados com as contas de casa. Quando a Deco não consegue dar apoio tenta sempre encaminhar as situações.
O telefone não pára e, em média, cada um dos profissionais recebem entre 20 a 30 chamadas por dia, mas muitos casos também chegam através do endereço electrónico.