26 abr, 2016 - 23:51
O ministro das Finanças recusou esta terça-feira, no Parlamento, que a solução para o Novo Banco passe por mais esforços orçamentais.
"É evidente que o sistema financeiro é a área da economia mais aberta e mais permeável a flutuações, às vezes não muito significativas, mas que têm impactos extremados, e por isso tem de ser visto com muita cautela", afirmou Mário Centeno em resposta a preocupações da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua.
Na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, o ministro defendeu que a estabilização do sistema financeiro passa "pela regularização do Novo Banco", afirmando que só se pode "actuar para que Novo Banco possa ter uma estrutura accionista estável".
Nesse sentido, Mário Centeno afirmou que o esforço financeiro feito pelo Estado "já foi feito" em 2014 e que neste momento o objectivo do Governo é recuperá-lo, de modo a que "não exista mais nenhum esforço orçamental associado ao Novo Banco".
Perante os deputados, o ministro das Finanças voltou a recusar a existência de um “plano B”, entre as críticas de optimismo do Programa de Estabilidade e as preocupações da esquerda, de que as regras europeias signifiquem um regresso ao passado.
As contas de Centeno. Défice ficou nos 3,03%
O ministro das Finanças garante que o défice orçamental sem medidas extraordinárias ficou nos 3,03% do PIB em 2015. Mário Centeno respondia aos deputados da oposição que contrapuseram que o défice ficou afinal nos 2,8% do PIB.
"Na última informação que tenho disponível, do Instituto Nacional de Estatística (INE), o défice de 2015 foi de 3,03%", afirmou o governante, esta terça-feira, na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
Depois da comissão, o gabinete do Ministério das Finanças acrescentou que o número avançado pelo governante exclui todas as medidas extraordinárias tomadas em 2015, enquanto o Eurostat apenas contabiliza, nessa nota de background, os apoios públicos à banca.
Na passada quinta-feira, o Eurostat confirmou que o défice orçamental no final de 2015 ficou nos 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB), mas, numa nota de enquadramento sobre os apoios do Estado à banca que divulgou no mesmo dia, aponta um impacto de 1,6 pontos percentuais no défice "devido sobretudo à recapitalização feita no contexto da operação de resolução do Banif".