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Escândalo Volkswagen e modelos com mais de cinco anos justificam quebra de encomendas à Autoeuropa

31 mai, 2016 - 20:12 • João Carlos Malta

A Autoeuropa terá este ano menos 19% de encomendas do que no ano passado. A subsidiária portuguesa da Volkswagen é o segundo maior exportador nacional a seguir à Galp e vale quase 4% das vendas nacionais para o exterior.

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O “Dieselgate da Volkwagen” e a longevidade dos modelos que a Autoeuropa produz são as justificações mais fortes para a quebra de 19% das encomendas durante este ano na unidade de Palmela. As explicações são dadas à Renascença pelo coordenador da comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, António Chora, que salienta ainda assim que esta redução é menor do que a que foi prevista no inicio de 2016.

A Autoeuropa anunciou esta terça-feira que terá este ano menos 19% de encomendas do que em 2015. A subsidiária portuguesa da Volkswagen é o segundo maior exportador nacional a seguir à Galp e vale quase 4% das vendas nacionais para o exterior.

Serão menos cerca de 20 mil carros a sair este ano de Palmela. No ano passado, a Autoeuropa fez sair de Palmela 102.250 unidades.

Esta grande quebra na procura levou a que a administração, em colaboração com a comissão de trabalhadores, encontrasse um novo modelo de gestão para os últimos quatro meses do ano.

“O caso do 'Dieselgate' [escândalo que envolveu a Volkswagen relacionado com a manipulação dos valores de emissão de gases poluentes] está a afectar todos os carros do grupo, com excepção do mercado alemão”, explica António Chora, em declarações à Renascença.

O coordenador da comissão de Trabalhadores da Autoeuropa justifica a redução das encomendas com os seis anos de produção dos modelos Eos, da Sharan e Alhambra e os dez anos do Scirocco.

Um acordo difícil

A administração e os trabalhadores acordaram a redução do volume diário de trabalho e a respectiva reorganização da produção num único turno a partir de Setembro, sem dias de paragem colectiva adicionais.

A Autoeuropa continua a garantir que esta solução “permitirá a manutenção do emprego e do rendimento dos colaboradores, sem colocar em causa a produtividade da unidade de Palmela”.

António Chora rotulou este acordo como “bastante difícil”. “Numa primeira fase não chegámos a acordo, mas também não tínhamos que chegar”, começa por referir.

Chora elogia a mecânica negocial na empresa, em que, ao contrário do que é norma no tecido empresarial português, não se limita a ouvir os trabalhadores quando quer criar outro horário de trabalho. “Há uma cultura de diálogo. Como não foi possível chegar a acordo à primeira, reunimos uma segunda vez”, explica.

O representante dos trabalhadores diz que o impacto para os operários vai manifestar-se sobretudo nos casais que tinham as vidas organizadas para trabalhar por turnos. No entanto, os rendimentos de todos estão salvaguardados.

Fornecedores geram preocupação

Neste momento, a maior preocupação dos trabalhadores vai para os fornecedores do parque industrial de Palmela. Essas empresas poderão ter os postos de trabalho em risco, uma vez que grande parte da sua produção destina-se à Autoeuropa.

Esta quinta-feira, a Comissão de Trabalhadores do Parque Industrial de Palmela vai reunir-se. Em cima da mesa está o pedido aos ministérios do Trabalho e da Economia para formalizar apoios a essas empresas. Mas tem de haver garantias, diz António Chora. “Estas empresas têm de garantir que mantêm os postos de trabalho porque o Estado não pode apoiar sem que haja essa segurança."

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