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​João Salgueiro denuncia estratégia para tirar valor aos bancos portugueses

07 jun, 2016 - 21:05

Antigo ministro e vice-governador apresentou ao presidente da Assembleia da República o manifesto Reconfiguração da Banca em Portugal - Desafios e Linhas Vermelhas.

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O antigo vice-governador do Banco de Portugal João Salgueiro considera que há uma estratégia para desvalorizar os bancos portugueses por parte de investidores que estão interessados em reforçar ou entrar no seu capital.

João Salgueiro reuniu-se esta terça-feira com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, para apresentar formalmente o manifesto Reconfiguração da Banca em Portugal - Desafios e Linhas Vermelhas, de que é um dos promotores.

À saída, em declarações à Lusa, o também antigo ministro das Finanças de Francisco Pinto Balsemão disse que, no encontro, foi referida a necessidade de ser assegurado que o sistema financeiro põe "a escassa poupança portuguesa ao serviço do crescimento e do emprego em Portugal", isto tendo em conta o receio de que "accionistas estrangeiros não contribuam de forma activa" para isso.

Também o caso da resolução do Banif foi abordado neste encontro, com João Salgueiro a considerar que Portugal funcionou "como cobaia" para o novo esquema de resgate a nível europeu.

Além de Salgueiro, o manifesto é assinado por personalidades como Manuela Ferreira Leite ou António Bagão Félix e defende um pensamento estratégico sobre o futuro da banca em Portugal, considerando ainda que é urgente combater o excesso de dirigismo das autoridades europeias e impedir que os capitais dos bancos sejam controlados por um único país estrangeiro.

Quanto a assuntos que estão na ordem do dia no sistema financeiro, caso da significativa desvalorização recente das acções do BCP, João Salgueiro considerou que isso demonstra que "há muito interesse pelo BCP e que há uma estratégia para fazer perder valor ao banco".

Aliás, afirmou, é genérica "a estratégia de desvalorizar os bancos portugueses antes de serem vendidos".

As acções do banco BCP avançaram hoje em bolsa 15,38% para 0,0255 euros (2,5 cêntimos), após oito sessões consecutivas negativas, isto numa altura em que se fala num eventual aumento de capital no banco e do seu interesse em adquirir o Novo Banco.

Quanto à Caixa Geral de Depósitos (CGD), o economista disse esperar que seja ultrapassado o problema de uma injecção de capital pelo único accionista, o Estado, e que o importante é que os capitais que sejam investidos "sejam bem utilizados" com "critérios exigentes e orientados para prioridades de Portugal".

Sobre a sua entrevista à Antena 1, em que disse que haverá mais três bancos na linha de resgate, referindo então o BCP, a Caixa Geral De Depósitos (CGD) e "um banco mais modesto", João Salgueiro esclareceu hoje que o que quer dizer é que se "não for resolvido a tempo o problema dos bancos, que esses ficam na fila de espera para resgate".

Salgueiro criticou ainda eventuais intenções do Banco Central Europeu (BCE) de forçar uma consolidação na Península Ibérica, considerando que - a existir - essa intenção é uma "tontice", uma vez que bancos grandes de mais são mais difíceis de regular, supervisionar e controlar - o conhecido 'too big too fail' - e, além disso, é importante que "haja mais entidades a concorrer" para fomentar a competição.

Quanto ao processo de venda do Novo Banco, repetiu que o importante é que "nenhum banco seja vendido à pressa" porque isso "tira valor" à instituição, e que se evitem situações como a do Banif, que "foi vendido a preço de saldo".

Comentários
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  • jams
    09 jun, 2016 lisboa 14:36
    Este senhor teve o descaramento de dizer que foram os portugueses que andaram a viver acima das suas possibilidades, quando o jornalista lhe disse que os bancos facilitavam, ele disse mas os bancos não foram a casa das pessoas obrigá-las a fazer empréstimos. O jornalista falou-lhe na publicidade agressiva, para compra de casa, compra de carro e até para férias. Facilitaram tanto para esconder o que andavam a roubar, ordenados milionários e prémios anuais chorudos pelo bom desempenho , que afinal se veio a provar que foi tudo vigarice e nós cá estamos para pagar o prejuízo pois ainda não vi ninguém ir preso.
  • Luis
    08 jun, 2016 Lisboa 06:48
    Este senhor que faz parte de um grupo de autênticos bandidos que rebentaram totalmente com todo o sistema financeiro e como tal com o País deve pensar que somos todos parvos. Rebentaram com todo o sistema financeiro e estão todos podres de ricos sem nunca terem prestado contas à justiça. Rebentaram com o BPN, BPP, BCP, BES, BANIF e agora até com CGD. Não contentes com isso agora vêm com a treta da estrategia de tirar valor ao bancos. Ainda têm algum valor? Tudo o que é comerciável tem o valor correspondente àquele que o mercado estiver disposto a pagar. Tenho um carro antigo que está avaliado num milhão de Euros mas só o consigo vender por mil, o carro vale apenas mil e o resto é conversa para adormecer boi. Mas mesmo que o Joãozinho Salgueiro tenha alguma razão quem é que se pôs totalmente a jeito?. Foi ou não foi o gangsterismo bancário? E onde pára a nossa justiça para prender toda essa banditagem? A nossa Justiça nisto como em tudo o que é crime de colarinho branco, hibernou. Há muitos anos.

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