22 jun, 2016 - 13:55
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta quarta-feira que o Ministério das Finanças dará informações sobre a Caixa Geral de Depósitos quando "for oportuno", insistindo que é prematuro falar sobre números antes de concluir conversações com a Comissão Europeia.
"Enquanto não tivermos concluído as conversações com a Comissão Europeia é obviamente prematuro estarmos a falar sobre números e sobretudo sobre números que querem dizer coisas muito diferentes", afirmou António Costa.
Na manhã desta quarta-feira a Antena 1noticiou que o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos está pronto, mas ainda não está fechado. A Renascença apurou que o valor em cima da mesa para o processo é de 5,1 mil milhões.
"Artimanhas tácticas"
Já o PSD espera que o pedido do PS para uma audição urgente do governador do Banco de Portugal, não seja para impedir o funcionamento de instrumentos como uma comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos.
"Esperamos que o PS não comece a usar artimanhas tácitas para tentar impedir o funcionamento de instrumentos e controlo democrático, como é a comissão de inquérito", disse à Lusa o deputado social-democrata António Leitão Amaro.
Para o PSD, destacou, "só o esclarecimento e a transparência de uma comissão de inquérito pode fazer estabelecer a confiança" nas instituições.
Os deputados do PS da Comissão de Orçamento e Finanças "requereram a vinda do senhor governador com carácter de urgência para esclarecer a situação da Caixa Geral de Depósitos", afirmou na terça-feira à noite à Lusa o deputado socialista João Galamba.
Segundo o parlamentar socialista, é "importante" que o governador do Banco de Portugal, "responsável máximo pela estabilidade do sector financeiro e "um dos principais responsáveis pelo segundo pilar do programa de ajustamento da 'troika' que dizia respeito à estabilidade do sector financeiro", esclareça os "contornos" da recapitalização da Caixa.
Em 2012, o Estado injectou 750 milhões de euros directamente em acções na Caixa Geral de Depósitos e ainda 900 milhões em instrumentos de capital contingente, dívida pela qual o banco público paga juros anuais.
Para João Galamba, é necessário Carlos Costa explicar as razões pelas quais quatro anos depois de ter sido feito um "levantamento exaustivo da situação" do banco e das necessidades de capital se perceber que o "problema do sector financeiro português não está resolvido e que a Caixa "tem necessidade de capital".
CDS. "Estamos a falar de dinheiro dos contribuintes e não do Governo"
Já o porta-voz do CDS, João Almeida em decalarações à Renascença afirma que as notícias sobre o plano de recapitalização são mais um dado novo que “é do total desconhecimento do Parlamento.”
“Estamos a falar de dinheiro dos contribuintes e não do governo. Não percebemos que se continue a desenvolver um processo de negociações com Bruxelas, em que o governo sabe o que está em causa, os partidos que trabalham com governo sabem o que está em causa e o Parlamento e o País não sabem o que se passa”, resumiu João Almeida.
Esta questão reforça, na opinião do deputado centrista, a importância de um comissão de inquérito pedida pelo PSD e o CDS.
PCP enumera condições
O PCP também comentou o caso da recapitalização da Caixa em comunicado. Os comunistas negam ter dado aval ao governo para o plano de recapitalização do banco público.
No mesmo documento, impõe ainda as condições para aprovar o documento do executivo socialista. O PCP diz que chumbará qualquer texto que preveja a “privatização parcial, despedimentos e desvalorização do papel do banco público, pondo em causa as condições necessárias e indispensáveis para que a CGD possa exercer em plenitude o seu papel enquanto instrumento insubstituível numa política de crédito, captação de poupanças e financiamento da economia.”
À Renascença, fonte do Bloco de Esquerda confirma que o Governo "está a trabalhar conosco num plano de recapitalização." As conversações não serão conclusivas porque a mesma fonte revela que o partido precisa de mais dados. "A recapitalização da Caixa depende das suas necessidades. É importante que o governo e o Banco de Portiugal divulguem os dados que têm sobre auditoria.
"Não falamos dos números. É o Governo que os deve anunciar", acrescenta o Bloco de Esquerda.