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Salários só devem subir em linha com a produtividade, diz líder da OCDE

09 jul, 2016 - 09:50

Angel Gurría aponta para o exemplo dos países nórdicos, que alcançaram um elemento de bem-estar tal que não precisam do rendimento e por isso podem trocá-lo por mais equilíbrio entre o trabalho e as suas vidas privadas

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O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Angel Gurría, defendeu que os salários só devem ser aumentados com a subida da produtividade e que, quando isso não acontece, os países perdem competitividade.

“No médio e longo prazo, a única forma sustentável de aumentar salários é fazê-lo em função da produtividade. Sem aumentos na produtividade, não podemos aumentar salários, porque há perda de competitividade”, disse Angel Gurría em entrevista à agência Lusa, à margem do Fórum Global para a Produtividade da OCDE, que decorreu entre quinta e sexta-feira em Lisboa.

Ainda assim, o líder da organização sediada em Paris admitiu que “às vezes é necessário algum tipo de medida compensatória depois de um período de salários baixos”, mas, após isso, o aumento salarial deve ser actualizado em linha com a produtividade.

O problema, para Angel Gurría, é o fraco crescimento da produtividade, que atinge não só Portugal, mas todos os países da OCDE e várias economias emergentes.

“E os elementos [que o justificam] são comuns em todos estes países, incluindo Portugal: Investimento, educação, enquadramento regulamentar e de concorrência e, claro, o acesso ao crédito”, enumerou.

O secretário-geral defendeu ainda que os Governos não devem ter medo de reverter medidas que estão a prejudicar a produtividade: “Se não funciona, mudas. É lógico e prático”, disse.

Questionado se concorda com as reversões que estão a ser tomadas pelo executivo liderado por António Costa, nomeadamente no mercado de trabalho, o líder da OCDE respondeu: “O Governo ainda é jovem. Tem as suas escolhas. Temos de ver exactamente quais é que são”.

Sobre o impacto na produtividade do regresso das 35 horas de trabalho semanal para os funcionários públicos, Gurría disse que “um número não faz magia”, dando diferentes exemplos europeus.

“Os países nórdicos estão agora a pensar em trabalhar menos horas com mais produtividade. Alcançaram um elemento de bem-estar tal que não precisam do rendimento e [por isso] podem trocá-lo por mais equilíbrio entre o trabalho e as suas vidas privadas”, exemplificou.

Num país onde os salários são mais baixos, como é o caso de Portugal, disse o secretário-geral da OCDE, “é preciso trabalhar mais horas para ser mais bem pago”.

Comentários
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  • Jr
    16 ago, 2016 Viseu 11:40
    Os salários é uma farsa, comem tudo, os I indiretos levam tudo, o Salazar pinta a palha de verde e parece erva......
  • Dinis
    09 jul, 2016 centro 17:36
    Panama papers.
  • RIB
    09 jul, 2016 PORTO 12:44
    O trabalho está ao preço da uva "mijona", para o grande capital, não vale nada. Senhores trabalhadores ou se organizam e tomam consciência para o facto ou com o rápido desenvolvimento dos robôs, então é que vai ser. Em tempos vi no cinema de ficção uma guerra entre humanos e robôs e, neste momento, até parece que estamos dentro do filme. Tempos muito duros e difíceis se aproximam.
  • André
    09 jul, 2016 Lisboa 12:31
    Tirem os serviços financeiros do valor da produtividade e irão ter uma surpresa brutal... A própria Suécia já está a ver isso, com o encerramento de 8 das suas maiores tecnologicas que já despediram quase 1 milhão de funcionários nos últimos 3 anos. Até o Luxemburgo já está com problemas, por causa dos valores das taxas de juro, estarem a atingir todas as empresas que estão lá sedeadas.
  • pa
    09 jul, 2016 lx 11:46
    É assim que já se faz em Portugal, ou não?
  • Pedro
    09 jul, 2016 Bencatel 11:25
    OK, como este senhor só produz pensamentos deve-se-lhe reduzir o vencimento para metade, ficando mesmo assim muito bem de vida, pois deve ganhar mais que a maioria do Zé Povinho.
  • Joaquim Neves
    09 jul, 2016 Vila Franca de Xira 10:39
    Ora, uma notícia extraordinária e que não constitui nenhuma surpresa; infelizmente em Portugal e sobretudo no setor público não existe a discriminação positiva dos funcionários/agentes; não é necessário a OCDE referir um facto inegável; pessoas produtivas devem ser verdadeiramente validadas e recompensadas e a avaliação deve ser independente e o mais "cego" possível para não haver conflitos de interesse.
  • Ze Trabalhador
    09 jul, 2016 Porto 10:39
    Essa senhora sabe muito!... Teoricamente é verdade, o problema é o trabalho que não se fatura!!... Enquanto as empresas continuarem a apostar nos BMWs para os gestores, filhos e amantes em detrimento da modernização das empresas, não haverá produtividade, por mais que quinhentoseuristas se esforcem!.....
  • Dagoberto
    09 jul, 2016 Vermelha 10:09
    Na verdade o que a OCDE quer dizer é que só os ordenadões dos gestores, administradores, políticos, e outros doutores, devem ser aumentados, a raia miúda deve continuar a comer só o que come agora, e calar!

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