08 nov, 2016 - 20:50 • João Carlos Malta
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É um “pitch” – apresentar uma empresa em quatro minutos e responder a perguntas de investidores durante três minutos – que faz com que se consiga angariar investimento? A ideia romântica, no arranque da Web Summit, a Meca lisboeta do empreendedorismo, era de que sim. Mas, horas passadas desde o início da cimeira, a conclusão surgiu cristalina: o amor precisa de tempo.
Luís Martins, director executivo da portuguesa Zaask (plataforma em que podemos encontrar qualquer serviço e o prestador certo), confirma: os amores à primeira vista são incomuns.
“Podemos encontrar aqui um investidor, mas não é como se fosse contra ele na rua e ele me desse dinheiro. Não é assim que se passa”, começa por dizer Luís Martins, cuja empresa é uma das 31 “start-ups” portuguesas que participa na competição de “pitches” do Web Summit, num total de 200 concorrentes.
“[Conseguir investimento] é todo um processo. É uma ‘love story’ [história de amor]. Tem de se pedir em namoro. Claro que pode haver um amor à primeira vista, mas são mais raros”, conclui.
Luís Martins conta à Renascença alguns dos truques que se usam nos “pitches”. Primeiro, ter a noção de que quatro minutos não dá para falar de tudo, sobretudo quando se faz muita coisa.
“Temos de nos fixar no básico dos básicos e deixar as explicações para uma outra conversa, o que não é fácil quando fazemos tanta coisa. Mas temos de nos focar em uma ou duas coisas que fazemos bem”, aconselha o CEO da Zaask.
Luís Martins não tem dúvidas de que não se consegue “levantar uma ronda de investimento de cinco milhões de euros em quatro minutos”.
Há dois anos, a portuguesa Codacy ganhou esta que é maior competição da Web Summit. Luís Martins gostava de ganhar, mas não é o maior objectivo. “Claro que seria espectacular ganhar, mas não é isso que nos move. O que queremos é mostrar o que fazemos e ajudar os nossos prestadores de serviços a aumentar o seu volume de negócios, que já vai em 30 milhões de euros”, defende.
Estar na Web Summit é, “acima de tudo, estar dentro do ecossistema e fazer parte dele” e “falar com outras pessoas, estrangeiros, que têm outras experiências e onde há um ‘know-how’ mais amadurecido”.
Cucu! Somos um rede social
Ao sair do palco em que apresentou o seu negócio, João Jesus, director executivo da Cuckuu, ainda estava cheio de adrenalina. “Acho que correu bem, tirando a parte do comando que falhou. Estava preparado para as perguntas e consegui antecipá-las”, explica.
A Cuckuu, que tem o Benfica entre os seus clientes, é uma rede social que junta um alarme do telefone a uma interacção de um grupo que pode ter imagens ou vídeos. “Pode ser para tudo, ir ao ginásio, pagar contas. Há até grupos de raparigas que criaram alarmes para tomar a pílula”, explica João Jesus.
Para o empreendedor, o processo de preparar um “pitch” começou com pesquisa. “Começamos por ouvir todos os ‘pitches’ e vemos que não têm muito a ver connosco.” João Jesus deu-lhe um toque muito pessoal. Na apresentação, mostrou as filhas que viveram longe dele durante muito tempo. Todas as manhãs lhe mandam um vídeo que dispara com o alarme.
A competição de “pitchs” dura os três dias da Web Summit e funciona como um campeonato a eliminar. Na quarta-feira serão as meias-finais e no último dia a final.