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Salário mínimo. Confederação do Comércio admite chegar aos 557 euros mas com contrapartidas

23 nov, 2016 - 09:08

João Vieira Lopes admite que a economia portuguesa está a melhorar, mas “fazer aumentos de 5% durante quatro anos seguidos é irrealista”.

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A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal não fecha portas a um aumento do salário mínimo para os 557 euros, tal como prevê o programa do Governo para o próximo ano.

Na véspera de mais uma reunião de concertação social, o presidente da CCP adverte, contudo, que tal não poderá acontecer sem as devidas contrapartidas.

“Quanto maior for o salário mínimo, mais as pessoas consomem. Mas ou as empresas conseguem repercutir nos preços dos seus produtos esses aumentos ou a vida das empresas fica em risco”, começa por explicar João Vieira Lopes, em entrevista no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença.

“Estamos dispostos a ir além dos 540 euros [propostos no início do ano], mas numa altura em que os indicadores da economia e da produtividade em Portugal são de crescimento de pouco mais de 1% e a inflação até abaixo de 1%, pensar que o país pode, durante quatro anos seguidos, fazer aumentos de 5%, parece-nos irrealista em termos económicos”, sustenta.

Nesse sentido, para haver acordo nos 557 euros, o Governo “terá de propor medidas económicas e fiscais de contrapartida”, sublinha João Vieira Lopes.

“Só assinar um acordo para legalizar os acordos políticos que o Governo tem feito não nos parece razoável”, destaca, esperando propostas relativas à taxa social única (TSU), ao IRC e sobre incentivos económicos às pequenas e médias empresas – “porque no meio disto tudo quem sofre mais são as PME”.

João Vieira Lopes explica que o salário mínimo é um tema muito sensível e que, por ser baixo – tal como o salário médio no país – “presta-se a alguma demagogia, um pouco populista e voluntarista”, mas é preciso não esquecer que as alterações no seu valor têm várias implicações para as empresas.

Em Portugal, há 600 mil pessoas a receber o salário mínimo, segundo o presidente da CCP.

Na quinta-feira, há nova reunião de concertação social e a Manhã da Renascença recebe Carlos Silva, da UGT.

O programa de Governo prevê um aumento gradual do salário mínimo ao longo da legislatura, até atingir os 600 euros em 2019. Esse aumento foi para 530 euros este ano. Em 2017 subirá para 557 euros e para 580 euros em 2018, chegando, então, aos 600 euros em 2019.

Mais poder de compra?

O sector do comércio está a recuperar, mas de forma ainda lenta, afirma João Vieira Lopes.

“Nota-se que alguma retracção melhorou. Não estamos em tempo de euforias, mas há um ambiente geral positivo”, para o qual tem contribuído “bastante o aumento do turismo”, afirma.

O presidente da Confederação de Comércio e Serviços lembra que, “durante o período de crise – 2011/2013 – encerraram, em média, 100 lojas por dia” e o comércio “perdeu cerca de 100 mil pessoas”.

Hoje, assiste-se a alguma recuperação “e há menos empregos em part-time”, indica.

Compras de Natal “é pelouro da minha mulher”

De acordo com um estudo da Deloitte, os portugueses mostram-se mais optimistas e dispostos a gastar mais dinheiro neste Natal.

O presidente da CCP diz que podem ser boas e más notícias. “Se corresponder a um aumento dos rendimentos, é importante que as pessoas consumam mais produtos portugueses. Se a poupança continuar a baixar, é menos positivo, porque Portugal precisa de dinheiro”.

E quanto pretende João Vieira Lopes gastar nestas festas? “Em casa existe um pacto em que esse pelouro é da minha mulher. A única prenda que compro é para ela e ainda não pensei”, admite.

Comentários
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  • ora se era
    23 nov, 2016 cemitério 12:55
    O trabalhador neste país virou à banalidade, sem merecer qualquer respeito à sua dignidade, onde há muitos que pagam mal mas enriquecem mais, outros porque já não têm capacidade para dar trabalho nem de pagar o salário mínimo. Ao ponto que este país chegou. Agora está subjugado a uma europa, sem autonomia, sem poder competitivo e sempre cada vez mais pobre. Viva o Faças Mario soares e todos os políticos medíocres que nos meteram neste barco, desde de 74. Já deviam estar todos no cemitério...
  • Dr Xico
    23 nov, 2016 Lisboa 11:00
    Patrões não empresários, Portugal está cheio de "patos bravos" barrigudos montados em Mercedes, que desprezam os seus funcionários, não pagam o salário justo mas sim uma esmola de 550€, este é o valor de um almoço de patrões ás sextas-feiras antes de irem esturrar centenas de € em casas de alterne ...
  • Fausto
    23 nov, 2016 Lisboa 10:32
    Por mim preferia que aumentasse de imediato para os 600 euros...
  • val
    23 nov, 2016 lisboa 10:12
    Estes numeros são a resposta para aqueles que dizem não poder aumentar muito o salário minimo.Há 54 mil milionários com fortuna superior a um milhão de dólares em Portugal - Estudo

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