16 dez, 2016 - 14:59
O presidente demissionário da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Domingues, rejeita que tenha renunciado à liderança do banco público "zangado" com o Governo.
"Não, por amor de Deus, porque é que haveria de sair zangado?", questionou António Domingues, em resposta às questões dos jornalistas sobre a sua demissão, à margem da entrega de prémios 'Exame: 1000 Melhores PME', em Lisboa.
O presidente demissionário do conselho de administração e da comissão executiva da CGD recusou fazer mais comentários, referindo que hoje é dia de premiar as Pequenas e Médias Empresas (PME), num evento a decorrer na sede da CGD.
António Domingues está de saída da Caixa na sequência da polémica em torno da obrigatoriedade de entrega da declaração de rendimentos e património.
O banqueiro tinha tomado posse a 31 de Agosto. Foi a sua administração que elaborou o plano de recapitalização aprovado por Bruxelas.
António Domingues vai ser substituido por Paulo Macedo, antigo director-geral dos impostos e ministro da Saúde.
Domingues e Centeno ouvidos no Parlamento
O porta-voz do PS anunciou esta sexta-feira requerimentos socialistas para audições ao ministro das Finanças e ao presidente demissionário da Caixa Geral de Depósitos, na respectiva comissão parlamentar permanente, "para salvar o PSD das suas próprias contradições".
João Galamba falava aos jornalistas nos passos perdidos do Parlamento depois de, na véspera, o vice-presidente da bancada social-democrata Hugo Soares ter acusado os partidos da maioria de "bloquear" um requerimento potestativo para audições de Mário Centeno e António Domingues na comissão de inquérito sobre a CGD.
"Para salvar o PSD das suas próprias contradições e do abandalhamento que querem imprimir à comissão de inquérito, apresentámos nós o requerimento", ironizou o deputado socialista.
João Galamba considerou "nulos" os "requerimentos do PSD para ouvir estas personalidades na comissão de inquérito", uma vez que violam "o objecto daquela comissão".
"Não tem como objectivo ser uma comissão aberta para o futuro. É sobre o passado da CGD e o que nos trouxe até aqui. Não podemos ter uma comissão de inquérito sem objecto definido em que, de cada vez que há uma notícia sobre a CGD ou um ato de gestão que deputados entendam dever ser escrutinado - isso não cabe numa comissão de inquérito, sob o risco de a tornar permanente", disse.