Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

"Benção" natalícia. Costa assegura solução para lesados do BES sem custo para contribuintes

19 dez, 2016 - 15:21 • Susana Madureira Martins

Apresentação da solução teve mais elogios do que pormenores. Costa garante que os contribuintes não terão que assumir o custo de uma situação "que os ultrapassa".

A+ / A-
Costa assegura solução para lesados do BES
Costa assegura solução para lesados do BES

Veja também:


Os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) disponibilizaram-se para receber até 286 milhões de euros dos produtos adquiridos, cerca de 50 a 75% do capital investido. Os créditos ascendem a 485 milhões de euros, afirmou Diogo Lacerda Machado, negociador em nome do Governo, numa comunicação a partir da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.

Lacerda Machado anunciou a criação de uma entidade que "se incumba de recuperar todo o valor que seja devido, para que sejam aqueles que são responsabilizáveis pelo incumprimento deste crédito", disse. Nesta apresentação pública não houve direito a perguntas dos jornalistas nem foram apresentados os pormenores da solução em causa.

"Foi possível, dentro do propósito de buscar uma solução para minorar as perdas dos lesados, conceber e desenhar uma possível solução que venha a ser apresentada aos lesados, para que cada um por si, individualmente, venha a ponderar aceitar ou não", afirmou o advogado.

Machado quis "transmitir a mensagem inequívoca de concertação de posições entre entidades envolvidas", da "concertação de mecanismos expeditos para resolver problemas consequentes de situações em que bancos deixam de ter condições", juntando "à volta da mesa" BES, CMVM, a associação de lesados, o BdP e ainda o Governo, como mediador.

Caso se venha a "recuperar algo mais de quem porventura deva, será obviamente repartido entre os lesados", sublinhou o advogado.

O representante da Associação de Lesados do BES, o médico dentista Ricardo Ângelo, referiu que "o sofrimento tangível é facilmente explicável, como as perdas monetárias; o intangível... o sofrimento de milhares de famílias, os suicídios... Pôr termo a esse processo é um sucesso, e, perto do Natal, é uma autêntica bênção para quem lida com esta situação diariamente", afirmou.

"Mais do que direitos morais, os lesados tinham direitos jurídicos, e esta solução o comprova", declarou Ricardo Ângelo, que elogiou António Costa por, "de forma inteligente", perceber que "este problema" não era dos lesados, "mas sim do país".

Já o primeiro-ministro, que falou por último, sublinhou que existem "outros modos de fazer" no que toca à negociação entre as partes: "Não era só a questão de satisfazer necessidades, era uma questão de credibilidade dos nossos produtos financeiros e da confiança que todos os cidadãos têm de ter no sistema financeiro".

António Costa garante que os contribuintes não terão que assumir o custo de uma situação "que os ultrapassa", sem avançar, no entanto, como é que será financiado este fundo de compensações anunciado esta segunda-feira por Lacerda Machado.

Solução visa dar prioridade aos lesados "mais vulneráveis"

Lacerda Machado acrescentou que foi cumprido o memorando subscrito pelo Banco de Portugal, CMVM e BES, com o Governo como "facilitador", cumprindo também a recomendação específica do relatório da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES - sugestão que fazia especial referência aos clientes em situação "mais vulnerável" e com "particular urgência em termos de liquidez".

Falando de seguida, o representante dos lesados referiu que esta solução, que "demorou meses a montar, com o auxílio de todos, aos lesados permite antecipar as poupanças que foram confiadas ao sistema financeiro português".

O representante da associação de lesados admitiu ainda que "houve procedimentos errados contra o doutor Carlos Costa", governador do Banco de Portugal, e agradeceu ao banco a "capacidade de trabalho". Ângelo elogiou ainda o "Homem com H grande, Carlos Tavares", a sua "capacidade de manter a mesma posição, sempre atrás da justiça". "O senhor ficará na memória de muitos dos lesados", disse. Por fim os lesados agradeceram ainda a Manuel Magalhães, do BES, o "altruísmo tremendo".

"O varrer para debaixo do tapete alterou-se" depois da alteração do Governo, sublinhou ainda Ricardo Ângelo. O representante aproveitou para agradecer a António Costa a "capacidade de negociação" que diz estar a levar o país "para o bom caminho", salientando "o papel do seu melhor amigo, o doutor Lacerda Machado".

Costa: Estava em causa "a confiança dos portugueses no seu sistema financeiro"

No último ano, Costa diz ter testemunhado "pessoalmente" a recuperação do sistema financeiro nacional, enumerando a aprovação em Bruxelas do plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, os vários problemas no sistema que foram resolvidos com a aprovação das instituições europeias e ainda a recuperação do investimento directo estrangeiro, segundo o Governo.

Diz o chefe do Governo que os portugueses tinham de recuperar a confiança no sistema, nos reguladores e nos produtos colocados no mercado.

Citando a impossibilidade de "endireitar a sombra de uma vara torta", o primeiro-ministro disse ainda: "Não conseguimos esse milagre, mas conseguimos uma solução que não isenta de pagar quem tem obrigação de pagar, permite quem tem a receber que antecipe aquilo que tem a receber e garante que os contribuintes não terão que assumir aquilo que os ultrapassa".

"Podemos chegar a este momento com o sentimento de dever cumprido", finalizou, agradecendo por fim "aos lesados capacidade de se sentarem à mesa, de sacrificar parte daquilo que entendiam que tinham direito a receber" e ainda a Carlos Costa e a Lacerda de Machado.

[Notícia actualizada às 18h36]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • vaca voadora
    20 dez, 2016 Santarém 21:34
    Mais um coelho tirado da cartola à Costa, talvez venha de vaca voadora oriundo do outro planeta que só não nos custará nada como ainda há de trazer mais alguns tostões de compensação.
  • Maria Manuela Nunes
    20 dez, 2016 Queluz 11:14
    Pena é que os lesados do Forum Filatélico não tenham sido tratados da mesma maneira. E que até o pouco dinheiro a que tinham direito esteja há anos às ordens do tribunal, que não o liberta, vá se lá saber porquê.
  • Eborense
    20 dez, 2016 Évora 01:27
    Compreendo que seja uma situação muito difícil para muita gente, mas muitos sabiam que estavam a correr um risco, só que sabia-lhes bem taxas de juro na ordem dos 7%. E agora, ninguém duvide, que é mais estes milhões que nós vamos pagar, porque continuo a não acreditar nos milagres do Santo António Costa de Lisboa.
  • Eborense
    20 dez, 2016 Évora 00:10
    António...Eborense e não Evorense! Não escreva asneiras.
  • José Gomes L
    19 dez, 2016 Lisboa 21:35
    Porquê sem custos para os contribuintes??? O dinheiro caiu do céu, ou o costa mandou fazer dinheiro, à lá Venezuela????
  • Fernando Cerqueira
    19 dez, 2016 Ponte de Lima 20:18
    Agora não é o milagre ou oferta dos reis, mas sim o milagre das rosas. O PM até transpirava quando dava o anuncio. Isto não vai ficar assim
  • Dias
    19 dez, 2016 Lx 19:51
    Esta na hora de nós lesados da D. Branca também reivindicar-mos o nosso dinheiro, já que os contribuintes (parvos do costume) pagam tudo porque não? Onde esta o PCP e o BE, não têm opinião, afinal são os contribuintes a pagar a especulação.
  • FERNANDO GIL
    19 dez, 2016 Cascais 19:25
    Mas alguém acredita que se as pessoas realmente lesadas e roubadas por gestores de balcão forem retribuídas, não vão depois os tubarões a tribunal dizer que também têm direito a receber. Num estado de direito é assim que alei funciona. Por isso não se espantem se um dia estejam a pagar nossos impostos os grandes bancos e fundos também.
  • J.Amaral
    19 dez, 2016 Fundão 19:20
    De todos os "comentadores" que por aqui opinam, nunca lhes vi nenhuma solução nem para este nem para outros casos. Porquê? Porque falam de assuntos que desconhecem e estão completamente por fora de todos os pormenores que a esses assuntos dizem respeito e, o que sabem é apenas o que a nossa "comunicação social" deita cá para fora e muitas vezes completamente descontextualizada.
  • Felisberto Estrela
    19 dez, 2016 feira 19:13
    o sr costa santa paciência então a cota parte da caixa geral de depósitos não é dos contribuintes? mais sinceridade e menos hipocrisia

Destaques V+