03 jan, 2017 - 18:48 • José Carlos Silva
A Ford cancelou uma nova fábrica no México e desviou o investimento de 700 milhões de dólares para os Estados Unidos, no dia em que o Presidente eleito, Donald Trump, ameaçou aplicar uma “grande taxa aduaneira” à General Motors (GM).
O presidente executivo da Ford, Mark Fields, disse à CNN que a decisão representa um “voto de confiança” no ambiente “amigo” dos negócios criado por Donald Trump, que toma posse a 20 de Janeiro.
Mark Fields esclareceu que a desistência da fábrica no México não se ficou a dever a nenhum acordo especial com o Presidente eleito. “Não fizemos nenhum acordo com Trump. Fazemos isto pelo nosso negócio”, declarou.
O anúncio foi conhecido no dia em Donald Trump ameaçou aplicar uma “grande taxa aduaneira” à General Motors (GM), devido às fábricas no México.
Trump acusa a GM, que inclui marcas como a Chevrolet e a Cadillac, de importar do México para os Estados Unidos o modelo Chevrolet Cruze, sem pagar impostos.
Como consequência destas declarações, as acções da construtora automóvel desvalorizaram 1%.
GM esperava para ver
O vice-presidente-executivo da GM, Johann de Nysschen, esteve em Portugal em Novembro passado e, no dia seguinte à eleição de Donald Trump, foi entrevistado pela Renascença.
Johann de Nysschen começou por saudar a vitória do candidato republicano sobre Hillary Clinton e disse que vai ser preciso “esperar para ver” como vai ser Trump na Casa Branca.
Já sobre o facto de o Presidente eleito ter colocado areia na engrenagem das relações com o México, onde a GM tem várias fábricas, fez votos de que "o líder do mundo livre", como lhe chamou, pudesse levar em linha de conta nas suas políticas a questão do crescimento económico dos Estados Unidos.
“Como um construtor icónico norte-americano, temos uma grande pegada global na economia e na construção, e tendo em conta o nosso diverso porta-fólio, estamos bastante integrados no desenvolvimento económico em qualquer região em particular”, disse o vice-presidente-executivo da GM.
“E temos também de pensar que o líder do mundo livre quererá garantir um crescimento sustentável, nomeadamente para os Estados Unidos, e por isso, e tendo em conta a nossa pegada global, temos de pensar que vamos continuar a beneficiar de uma política económica saudável, que facilite a expansão do negócio automóvel também nos Estados Unidos”, concluiu Johann de Nysschen.