04 jan, 2017 - 07:13
O ministro das Finanças garante que o Estado não vai pôr dinheiro público em risco no negócio do Novo Banco. Em entrevista ao “Diário de Notícias”, Mário Centeno afirma que “uma garantia de Estado para suportar um negócio privado é algo” que o Governo não equaciona.
Isto, depois de um dos concorrentes – os americanos da Lone Star – terem pedido uma garantia do Estado superior a dois mil milhões de euros para concretizar o negócio.
O ministro diz que desconhece formalmente esta proposta, mas recusa meter dinheiro num negócio privado.
Quando questionado sobre se "integrar o Novo Banco na esfera pública está fora de questão", o ministro responde: "Enfim, nada está fora de questão quando se trata de garantir a estabilidade do sistema financeiro".
"Temos visto, em quase todos os países da Europa – diria até em todos – enormes esforços para garantir essa estabilidade e recorrendo a todas as fórmulas possíveis que existam", salienta.
Centeno lembra que "o Novo Banco tem um papel também muito importante no sistema bancário português – financeiro, aliás – precisamente por causa do financiamento às pequenas e médias empresas. É um banco absolutamente de charneira, nessa dimensão e tem de ser tida em conta essa relevância em todas as decisões que forem tomadas".
“Desse ponto de vista, não acho que seja adequado eliminar nenhum tipo de abordagem em relação ao Novo Banco”, conclui.
Quanto ao Banco Espírito Santo, Mário Centeno diz que em cima da mesa está a hipótese de nacionalização do antigo BES e avança que, nos próximos dias, deverá ser anunciado o nome do vencedor da corrida à compra do que restou do banco.
Quanto à Caixa Geral de Depósitos, o ministro das Finanças diz esperar ter o processo concluído nos próximos dias, com a tomada de posse da nova administração, e sublinha que é um processo que não depende do Governo, mas dos "timings" do Banco Central Europeu (BCE).
Caixa com solução em breve
Quanto à Caixa Geral de Depósitos, o ministro das Finanças diz esperar ter o processo concluído na próxima semana, com a tomada de posse da nova administração, liderada pelo ex-ministro das Finanças Paulo Macedo.
“Espero ter esse processo concluído nos próximos dias. Por próximos dias eu diria que seria no decorrer da semana que vem, mas também gostava de frisar que é um processo que não depende do Governo, não depende do accionista”, mas dos "timings" do Banco Central Europeu (BCE).
É a instituição europeia que tem de dar luz verde aos nomes da nova administração, mas o ministro garante que “há uma pressão firme sobre estas instituições, do nosso lado, para que o processo avance e, nesse contexto, veria como expectável que nos próximos dias essa transição possa concluir-se".
O titular da pasta das Finanças recorda que o processo se iniciou "com o acordo de princípio" alcançado com a Comissão Europeia, que classificou como "um acordo de longo alcance muito importante para a Caixa e, por consequência, também para o sistema financeiro".
"Não foi uma escolha termos de estar, neste momento, a fazer uma transição de conselhos de administração. É uma transição que está a ocorrer dentro daquilo que é o comportamento institucional previsto nestas circunstâncias. A Caixa tem uma administração que está a cuidar dos assuntos da CGD, à espera de uma nova administração que está em aprovação, e a sua nomeação pelo BCE e ocorrerá dentro dos próximos dias", destaca.
Apesar das adversidades, Mário Centeno mostrou-se "muito satisfeito com o resultado" do processo da Caixa.
"Porque o que tenho de apresentar aos portugueses são resultados. Nós, quando temos de fazer um processo destes, temos de lidar com muitas instituições, dentro do país e fora do país. A equipa que fez a gestão deste processo foi uma equipa muito coesa, no Ministério das Finanças, em que todos os aspectos políticos e técnicos foram tratados com muita minúcia e muito profissionalismo – com certeza com o Dr. António Domingues também", afirma.