08 fev, 2017 - 10:00
O défice do ano passado pode ter ficado nos 2%. “As minhas contas dizem-me isso”, revela o presidente da AICEP, o social-democrata Miguel Frasquilho, na Renascença.
“Eu diria que há um ano – o senhor Presidente da República já o disse – eram poucos os que acreditavam que estes resultados fossem possíveis. Eu creio que o défice público vá ficar em redor de 2%, nem sequer serão os 2,3%” previstos pelo Governo", afirma.
Entrevistado no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) diz também que “não é pelo salário mínimo que vamos deixar de ser mais competitivos”.
“Não penso que seja um óbice para a nossa competitividade, até porque foi obtido num contexto de um acordo de concertação social, o que significa que foram os próprios empresários que assinaram esse acordo”, justifica, lembrando que se trata de valores muito baixos.
Quanto ao crescimento económico, apesar de reconhecer que “todos queríamos que fosse melhor”, acredita existirem condições para o crescimento económico acelerar. Mas com pressupostos: “isso também significa que temos de nos tornar ainda mais competitivos do que já somos e temos vindo a recuperar”.
“O país deve estar grato às empresas portuguesas”
Miguel Frasquilho elogia a reacção das empresas e dos empresários portugueses aos tempos de ajustamento financeiro.
“Perante as dificuldades e a crise, as nossas empresas e empresários tinham duas atitudes: ou baixavam os braços, deixavam-se cair e resignavam-se ou batalhavam, iam à luta, tornavam-se mais competitivos, inovavam, empreendiam e foi exactamente isso que as nossas empresas fizeram”, começa por dizer.
“Diria que as nossas empresas foram uns contribuintes extraordinários para nós ultrapassarmos a crise e acho que o país lhes deve estar muito grato”, conclui.
Exportações a crescer mesmo com Trump e Brexit
O presidente da AICEP espera que 2016 volte a ser “um ano recorde” em termos de exportações, “a exemplo de 2015, 2014 e 2012”.
“Temos vindo a exportar sempre mais generalizadamente – ou seja, em todos os sectores. Não se pode dizer que é no A, B ou C. São todos os sectores que têm contribuído para isso”, destaca.
E o cenário não deverá mudar, mesmo com as recentes alterações ao nível internacional.
“Quanto às eleições norte-americanas, a nova administração Trump está no início do seu mandato”, mas “as perspectivas para os Estados Unidos, para as empresas portuguesas, continuam bastante boas”, indica o economista, acrescentando que “também temos conseguido atrair investimento estrangeiro norte-americano para cá”.
“Quanto ao Brexit, estudos que mostram que Portugal poderia ser um dos países da Europa mais afectado, ainda não se concretizou, mas o próprio Brexit também ainda não se concretizou”. Apesar disso, Miguel Frasquilho diz-se “bastante confiante”.
MIGUEL FRASQUILHO, 51 anos
É presidente do conselho de administração da AICEP há três anos e decidiu não avançar para mais nenhum mandato.
Em Novembro, comunicou ao Governo que pretende “abraçar novos desafios profissionais”. Há quem diga que poderá candidatar-se à presidência da Bolsa de Lisboa, mas prefere não fazer comentários sobre o assunto enquanto não tiver “nada definido”.
É economista de formação e fez o curso de educação musical, bem como o 12º ano de Piano, na Escola de Música do Conservatório Nacional.