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Secretários de Estado ouvidos no Parlamento sobre saída de milhões para “offshores"

01 mar, 2017 - 07:25

Entre 2011 e 2014, 10.000 milhões de euros foram transferidos para contas sediadas em paraísos fiscais sem qualquer controlo da Autoridade Tributária e Aduaneira.

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O anterior e o actual secretários de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio e Rocha Andrade, são ouvidos esta quarta-feira no Parlamento sobre a transferência, sem análise pelo Fisco, de 10.000 milhões de euros para “offshore” entre 2011 e 2014.

Na semana passada, o jornal “Público” noticiou que nesses quatro anos quase 10.000 milhões de euros foram transferidos para contas sediadas em paraísos fiscais sem qualquer controlo da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), embora tenham sido comunicados ao Fisco pelos bancos, como a lei obriga.

Entre 2011 e 2015, enquanto Paulo Núncio era secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, não foram publicadas as estatísticas da AT com os valores das transferências para “offshore”, uma publicação que tinha sido tornada obrigatória em 2010.

As estatísticas só voltaram a ser publicadas no portal das Finanças por decisão do actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, sendo que o Ministério das Finanças detectou 20 declarações de Operações Transfronteiras (enviadas pelos bancos ao Fisco) que "não foram objecto de qualquer tratamento pela AT".

Estas declarações, segundo disse o Ministério das Finanças ao jornal, "estão agora a ser objecto de controlo pela inspecção tributária", tendo o caso sido remetido para a Inspecção-Geral de Finanças. Também o Ministério Público está a recolher elementos para apurar se existem procedimentos a desencadear.

Paulo Núncio começou por responsabilizar a AT pela não divulgação pública das estatísticas, afirmando que "essa divulgação não estava dependente de uma aprovação expressa ‘a posteriori’ do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais". No entanto, foi desmentido pelo antigo director-geral Azevedo Pereira, que garantiu ter solicitado autorização, por duas vezes, ao ex-secretário de Estado para publicar dados relativos às transferências para "offshores", mas "em nenhum dos casos" esta lhe foi concedida.

Paulo Núncio acabou depois por assumir a sua "responsabilidade política" pela não publicação desses dados, demitindo-se também das suas funções no CDS-PP.

Esta segunda-feira, os deputados debatem também um requerimento do PSD para ouvir no Parlamento os directores-gerais da AT que exerceram funções desde 2011, bem como o inspector-geral das Finanças.

Comentários
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  • indignado
    01 mar, 2017 Santarém 21:47
    Pelo menos este já assumiu responsabilidades, demitiu-se do cargo que ocupava no partido e já foi prestar esclarecimentos, que se apure toda a verdade doa a quem doer se é que seja caso para isso, o Centeno e companhia é que não há maneira de irem prestar contas acerca do acordo com o senhor Domingues, dois pesos duas medidas!
  • Jorge
    01 mar, 2017 Seixal 17:02
    Parece-me que o Sr. Núncio já começou a tentar sacudir a água do capote. Começou pelo antigo diretor-geral Azevedo Pereira, teve azar, não conseguiu, vamos ver quem se segue. Num período em que o clã da pafalhada andou a sugar o povo português, este vigarista diz que teve "dúvidas" em publicar as estatísticas das transferências para "offshores" por temer "beneficiar o infrator”, mas foi precisamente o contrário, não as publicou para beneficiar os infractores, pelas mesmas razões que não havia listas vip na autoridade tributaria. Não fosse um jornal a divulgar o espólio, eram mais 10 mil milhões que saíam sorrateiramente do país a encoberto por esta corja que se intitula social-democrata.
  • ó ZE
    01 mar, 2017 lis 13:25
    Sejam julgados? Quem?...Você aí na aldeia deve ter a informação completa! Leia bem!
  • o titulo
    01 mar, 2017 pt 13:22
    da noticia, permite que o comentário do ZÉ coloque por ignorancia ou má fé, o actual secretario de estado também como responsável quando foi ele que deu pela marosca! Baralhar para confundir!...rigor na informação jornaleira!
  • 01 mar, 2017 aldeia 09:37
    Espero que o MP apure todas as responsabilidades e que sejam julgados.

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