10 mar, 2017 - 17:50 • Ricardo Vieira
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um prejuízo recorde de 1.859 milhões de euros em 2016, anunciou esta sexta-feira a administração do banco estatal. O presidente executivo do banco, Paulo Macedo, prevê resultados negativos até 2018.
Para este prejuízo histórico contribuiu o reconhecimento de "elevadas imparidades registadas", superiores a 3 mil milhões de euros, revelou o administrador José de Brito na apresentação pública dos resultados do ano passado.
Depois da "luz verde" da Comissão Europeia à recapitalização da Caixa por parte do Estado português, José de Brito anunciou uma emissão de dívida privada de 500 milhões de euros, até ao final de Março.
Num prazo de 18 meses, será feita uma segunda operação de emissão de dívida de 430 milhões de euros.
"Com a recapitalização a Caixa Geral de Depósitos sai reforçada e cumpre os rácios regulatórios" exigidos pelo Banco Central Europeu, garante o administrador José de Brito, que destacou a manutenção da quota de mercado.
Caixa vai somar prejuízos até 2018
Na sua intervenção, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, afirmou que o banco estatal deverá continuar a registar prejuízos até 2018.
Questionado pelos jornalistas, Paulo Macedo disse que “seria totalmente impossível registar imparidades a este nível [mais de 3 mil milhões de euros] e no futuro esse valor será muito mais baixo”.
Sobre a possibilidade de recuperar alguns créditos, o banqueiro respondeu que "as imparidades no sitema bancário português têm sido consideráveis. Um dos últimos bancos a apresentar contas fez mais de 1.600 milhões de imparidades. Imparidades são comuns ao sistema financeiro e as pessoas sabem quais são as empresas".
O antigo responsável pela Autoridade Tributária e ex-ministro da Saúde considera que o reforço de capital para Caixa é adequado e "não é maior do que é necessário".
"O aumento de capital é de 2.500 milhões em dinheiro e 900 milhões em emissão de divida, o que reflecte uma melhoria do resultado final de 2016 em relação ao cenário entregue, em Junho, à Direcção-Geral da Concorrência", sublinha.
Paulo Macedo quer “mais rigor” na Caixa
O presidente executivo da CGD considera que o banco tem agora um ponto de partida mais positivo para o futuro, mas defende a necessidade de maior rigor em relação ao passado.
"Se não houver mais rigor o futuro da Caixa não será aquele que queremos", alertou.
Paulo Macedo diz que o plano para a CGD é "ambicioso" e que a “recapitalização é condição necessária, mas não é suficiente”.
"Caixa demonstrou grande resiliência" em ano "atípico"
O presidente não executivo da CGD, Rui Vilar, abriu a sessão de apresentação de resultados com um balanço do último ano, que considerou "atípico" devido à polémica em torno da administração e ao processo de recapitalização.
“Foi um período em que a instituição viveu sob enorme ruído. Mas é preciso distinguir o que se passou no exterior do que se passou no interior da instituição” em que tudo decorreu “com grande normalidade”, sublinha Rui Vilar.
"A Caixa demonstrou uma grande resiliência e da parte dos nossos clientes um elevado grau de confiança", destaca.
Com a confiança dos clientes e com a recapitalização, a Caixa "pode olhar par ao futuro com uma perspectiva mais positiva. Temos agora uma posição de partida muito mais positiva", disse Rui Vilar.