29 mar, 2017 - 14:02
O Banco de Portugal revê em alta crescimento da economia portuguesa e coloca a taxa de desemprego abaixo dos 10%, já este ano.
As novas projecções foram divulgadas esta quarta-feira pelo banco central e apontam para um desempenho da economia melhor do que se esperava, quando foram publicadas as previsões em Dezembro de 2016.
Os dados agora divulgados apontam para um crescimento do PIB de 1,8% este ano, 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019.
Estes valores traduzem uma melhoria de 0,4 pontos percentuais este ano, 0,2 pontos percentuais em 2018 e 0,1 pontos percentuais em 2019, em relação ao previsto em Dezembro.
"A economia portuguesa deverá manter uma trajectória de recuperação ao
longo do horizonte de projecção, apresentando um ritmo de crescimento em linha
com o actualmente projectado para o conjunto da área do euro", lê-se no
documento do Banco de Portugal.
Esta estimativa do Banco de Portugal fica acima da previsão de 1,5% inscrita no Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), mas o ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu esta quarta-feira, num evento realizado pela agência Bloomberg, em Londres, rever a estimativa para "qualquer coisa próxima de 2%" no Programa de Estabilidade, que deverá ser remetido a Bruxelas até ao final de Abril.
O banco central melhorou também as estimativas para os dois próximos anos, prevendo agora que a economia cresça 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019, uma revisão em alta em 0,2 e 0,1 pontos percentuais para cada um dos anos, respectivamente.
No entanto, a instituição liderada por Carlos Costa considera que o "ritmo de crescimento é inferior ao necessário para o reinício do processo de convergência real face à área do euro" e assinala: "No final do horizonte de projecção, o PIB situa-se num nível próximo do registado em 2008".
Segundo o BdP, "a evolução ao longo do horizonte da projecção está sustentada num crescimento forte das exportações - reflectindo um enquadramento económico e financeiro externo favorável e a manutenção de ganhos de quota de mercado - e numa recomposição da procura interna, no sentido de um maior dinamismo na formação brutal de capital fixo (FBCF).
O banco central sublinha que o comportamento das exportações, tanto de bens como de serviços, "tem sido um dos aspectos mais assinaláveis do processo de ajustamento da economia portuguesa, propiciando uma marca de reorientação de recursos produtivos para sectores mais expostos à concorrência internacional".
O Banco de Portugal estima que, em 2019 e em termos reais, a economia portuguesa exporte mais 60% do que exportava em 2008.
No período 2017-2019, a instituição estima que o contributo das exportações para o crescimento do PIB "manter-se-á superior ao contributo da procura interna", o que significa que a economia portuguesa deverá manter, nestes três anos, "uma capacidade de financiamento face ao exterior, o que, para o BdP, constitui "uma característica muito importante do processo de recuperação em curso".
O banco central prevê que o excedente da balança de bens e serviços diminua de 2,2% do PIB em 2016 para 1,4% em 2017 e para 1,3% em 2018, recuperando ligeiramente em 2019 para 1,4% do PIB.
O BdP estima também uma taxa de inflação de 1,6% em 2017, 1,5% em 2018 e 1,5% em 2019.
[Notícia actualizada às 16h40]