29 mar, 2017 - 07:56
A organização do Fórum Património considerou que o “desmesurado crescimento do turismo ‘low-cost’”, a “legislação permissiva” e a “fiscalização ineficaz” têm permitido a transformação de centros históricos das cidades em “Disneylândias”.
“E não é uma, mas são muitas Disneylândias, uma rede delas, a florescer não só nos centros históricos de Lisboa e do Porto, mas nos das principais cidades portuguesas, como Coimbra, Faro e Aveiro. O fenómeno já chegou ao Alentejo e em Évora já se sentem os seus efeitos, desde logo no rápido aumento das rendas”, refere a organização, que agrega várias associações, em comunicado, a propósito do Dia Nacional dos Centros Históricos, assinalado na terça-feira.
As entidades sublinharam que há edifícios residenciais esvaziados “contra vontade dos inquilinos” para serem depois transaccionados, reabilitados à “trouxe-mouxe” e abertos como alojamentos turísticos.
Autarcas permissivos?
Os autarcas, no entender da organização, “desconhecem o conceito de turistas a mais” e têm sido permissivos, pelo que o fenómeno continua a crescer.
As associações consideram que o fenómeno pode ter impactos negativos para a população local, em especial nos grupos mais carenciados, pois leva “os moradores tradicionais e as camadas de menos recursos para as periferias” e “está a impedir a fixação nesses locais de estratos mais jovens da população”.
Esta transformação dos centros históricos em “Disneylândias” (nome do parque de diversões da Disney) poderá ainda contribuir para a sua descaracterização, perdendo-se a herança cultural da geração seguinte, lembra a nota.
Questões como estas “deveriam merecer uma reflexão” dos responsáveis envolvidos no planeamento, construção e reabilitação de cidades, bem como dos seus cidadãos, especialmente em dias como o de hoje, sublinha a organização.
O Fórum do Património vai decorrer a 10 de Abril, na Sociedade de Geografia de Lisboa.