30 mar, 2017 - 00:01 • Graça Franco (Renascença) e David Dinis (Público)
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Numa entrevista feita antes da constituição como arguido de Tomás Correia, ex-presidente do Montepio, num processo autónomo resultante da Operação Marquês, o ministro das Finanças comentou a situação naquela instituição e voltou a demonstrar confiança no sistema financeiro português.
A confiança no sistema financeiro é assim tão grande, sobretudo quando pensarmos nos 630 mil sócios do Montepio?
Era o que faltava era que agora tivéssemos dúvidas sobre essa dimensão. Mas eu vou dizer-lhe por que é que a confiança é grande. Porque em Fevereiro houve a maior redução do desemprego em 28 anos...
Estávamos a falar do sistema financeiro. E, no caso do Montepio, o Banco de Portugal está a exigir a separação do banco e até a mudança de nome...
Eu não vou fazer comentários sobre o Montepio para além dos que já fiz...
Os mutualistas terão, ou não, um equivalente a um seguro dos depósitos – como os que têm um depósito no banco? E isto é importante para as pessoas que neste momento não têm aplicações no banco, mas têm aplicações na Mutualista – que depende do Governo.
A consistência do sistema financeiro depende da consistência da economia. E o inverso também é verdade. E nos últimos anos esquecemo-nos desta ligação. Foi por isso que, quando falou de confiança no sistema bancário, comecei a recordar os indicadores económicos que podem dar consistência a tudo o que seja garantias ou seguros que existam na área financeira. Nós precisamos de ter um conjunto económico e financeiro que seja coerente. Aquilo que aconteceu em Portugal, a que me referi como uma saída limpa pequena [do programa da “troika”], foi que o sistema financeiro não estava preparado para acompanhar o crescimento económico. Foi por isso que na segunda metade de 2015 a economia portuguesa, que tinha vindo a apresentar números positivos, desacelerou ao ponto de praticamente não crescer. E era necessário, para ganhar um ritmo de crescimento forte, que o sistema financeiro fosse estabilizado.
Desculpe, mas tenho que insistir: o senhor ministro está descansado quanto ao futuro do Montepio, ou não?
Eu estou descansado em relação ao meu trabalho em relação a essas situações. Eu não quero que esta minha resposta seja lida de outra maneira que não seja esta que acabei de lhe dar. Todas as instituições financeiras portuguesas, para terem uma situação estável, quando projectada no futuro, precisam de uma economia que as sustente. E o inverso também é necessário. O que temos estado a fazer reforça o sistema financeiro. A capacidade da Caixa de emitir obrigações como as da semana passada é uma excelente notícia para o sistema financeiro português. Porque era um instrumento de dívida que não estava disponível no sistema financeiro.
Para o Governo, Tomás Correia tem toda a idoneidade para estar à frente do Montepio Geral?
Não estou a emitir nenhuma opinião sobre Tomás Correia, nem sobre o Montepio, estou a falar do conjunto do sistema.
O problema é que o Montepio também é supervisionado pelo Governo.
Não tenho mais nada a dizer para além do que disse na semana passada, nessa matéria.
Relativamente ao governador do Banco de Portugal (e faço-lhe a mesma pergunta que lhe fiz a ele): o lugar do governador está seguro depois da venda do Novo Banco?
Ouça, eu não tenho que me pronunciar sobre o lugar do governador do Banco de Portugal. Aquilo que lhe posso dizer é o mesmo que digo de todas as instituições: é os meus desejos e votos de que cumpram as funções para as quais existem, no quadro institucional nacional.
Voltou a discutir os nomes para o Conselho de Administração do BdP com Carlos Costa?
Isso, vamos lá ver, se disse há pouco que não falava em público sobre negociações em curso institucionais, vou manter essa resposta.
Ainda não está nomeada?
Se já estivesse nomeada, os senhores saberiam.
E, portanto, também não está nomeada a restante administração para o conselho de Finanças Públicas? O nome de Teresa Terminassian continua a fazer faísca nas Finanças?
Nada disso passou aqui pelo Ministério, posso-lhe garantir.
Não vai passar?
Não tem porquê.
Esta entrevista resulta de uma parceria uma parceria Renascença/Público.