08 abr, 2017 - 22:57
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, assegura que os comunistas serão sempre contra qualquer solução que passe por vender o Novo Banco "a grupos privados e passar a factura ao povo".
"Todas as decisões que visem integrar o Novo Banco no sector público bancário contarão com a nossa força e a nossa iniciativa. Para vender o banco a grupos privados e passar a factura ao povo, sabem que contarão com a nossa oposição", afirmou o secretário-geral, no discurso de encerramento do encontro nacional do PCP sobre as eleições autárquicas de 1 de Outubro que decorreu em Lisboa.
Para o líder comunista, o processo de venda do Novo Banco confirma que "a banca ou é pública ou é entregue aos estrangeiros".
"A venda do Novo Banco que o governo PS quer agora concretizar é a posição defendida desde o início por PSD e CDS, é uma opção que prejudica país e o povo e que o PCP rejeita", sublinhou.
O secretário-geral do PCP questionou ainda se será possível o Estado vir a recuperar o dinheiro que tem no Fundo de Resolução, criticando a "imposição do Banco Central Europeu" de adiamento do prazo de pagamento ao Estado pelos bancos, por 30 anos, de 4,9 mil milhões de euros.
"Milhões que o país dificilmente verá", lamentou.
No seu discurso, Jerónimo de Sousa criticou de forma global a estratégia do actual Governo em relação ao sector financeiro.
"No Banif, com a imposição da sua entrega ao maior banco espanhol a preço de saldo e com pesados encargos para o erário público. Viu-se na Caixa Geral de Depósitos com a imposição da solução de financiamento junto a fundos do grande capital especulativo para financiar a recapitalização a taxas inaceitáveis, com desemprego e fecho de balcões", criticou.
Se, por um lado, Jerónimo de Sousa vincou que os avanços conseguidos em relação ao programa do PS só foram possíveis pela posição reforçada de PCP e Verdes no parlamento - que suportam através de posições conjuntas o Governo socialista minoritário, em conjunto com o BE -, também se demarcou de opções como as da redução do défice "a todo o custo" ou a submissão "aos instrumentos de domínio" da União Europeia.
"Nós não deitamos foguetes pela diminuição do défice, se ele continuar a ser feito à custa do investimento, do desenvolvimento e para pagar milhões de juros agiotas de uma dívida que nos afunda e poderia ser renegociada", disse.