27 mai, 2017 - 19:07
O antigo presidente do Tribunal de Contas Guilherme d'Oliveira Martins diz que não se deve ter uma "leitura triunfalista" da recomendação para a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo, momento que classificou como "necessário e justo".
Segundo o antigo ministro, que falava aos jornalistas na Biblioteca Municipal de Loulé, "neste momento não podemos ter qualquer leitura triunfalista" relativamente à recomendação da Comissão europeia, mas sim "uma leitura muito realista", uma vez que se trata de "uma enorme responsabilidade".
Guilherme d'Oliveira Martins e o ex-Presidente da República Cavaco Silva estiveram em Loulé numa sessão de agradecimento público, por parte do município, pela oferta de milhares de livros das suas colecções à biblioteca Sophia de Mello Breyner Andresen, em Loulé.
O antigo presidente do Tribunal de Contas considerou que a saída do procedimento é "uma enorme responsabilidade", mas um momento "inteiramente necessário e justo", observando que os portugueses, a quem se devem também os resultados obtidos "são normalmente melhores perante as dificuldades".
"A saída deve-se fundamentalmente à resposta positiva da economia portuguesa relativa aos estímulos que teve", referiu o actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, sublinhando sempre ter dito que "a austeridade pela austeridade não era a solução adequada".
Questionado pelos jornalistas sobre se o desempenho da economia portuguesa deixa tempo ao ex-Presidente da República para ler, Cavaco Silva respondeu que agora tem tempo para ler porque é ele que "manda" na sua agenda, o que é "talvez o maior ganho" que teve a partir de Março de 2016.
"Mas há uma coisa que eu não consigo perder, que é o hábito de trabalho", confidenciou, escusando-se a comentar o estado da economia no país por estar agora "muito recatado".
Em Fevereiro passado, o ainda Presidente da República, Cavaco Silva, doou parte da sua biblioteca pessoal, num total aproximado de cinco mil obras, à Biblioteca Municipal de Loulé.
Já Guilherme d'Oliveira Martins e a mulher doaram àquela biblioteca um acervo de aproximadamente 15 mil obras, embora apenas um terço tenha sido até agora entregue.
Todas as obras doadas por ambos estarão disponíveis para consulta e empréstimo, embora os livros raros estejam guardados no depósito da biblioteca.