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Novo relatório. Governos ignoraram recomendações do FMI para proteger os mais vulneráveis

25 jul, 2017 - 08:15

Conclusão consta de um relatório sobre os efeitos da crise em 2015, que foi divulgado nas últimas horas.

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O Fundo Monetário Internacional responsabiliza os governos que estiveram sob o programa de assistência financeira, como foi o caso de Portugal, de não terem protegido totalmente os mais vulneráveis. As conclusões constam de um relatório sobre os efeitos da crise em 2015.

Este novo relatório, que faz uma avaliação sobre o papel desempenhado pelo fundo, foi feito pelo organismo independente do FMI. Aqui pode ler-se que os peritos fizeram esforços para defender as pessoas com menores rendimentos, mas que as decisões políticas nem sempre foram nesse sentido.

Este documento, citado pela agência Lusa, dá como exemplo os cortes nas pensões e noutros benefícios sociais.

“Em Chipre e em Portugal, onde os cortes nas pensões e em outros benefícios sociais tiveram de ser feitos, as equipas do FMI tiveram de lidar com a distribuição dos cortes. Enquanto a evidência demonstra que as equipas do FMI fizeram esforços para defender as pessoas com menores rendimentos, as decisões políticas finais nem sempre reflectiram esses esforços”, refere o relatório.

Mas por outro lado, diz-se também que o “FMI sempre viu os benefícios sociais como em Portugal como demasiado generosos e um dos elementos fundamentais para o elevado défice orçamental português" e recorda que desde 2006 defendia cortes e subsídios mais direccionados a grupos alvo, bem como políticas activas de emprego.

Nessa altura, a principal preocupação do Fundo era a consolidação orçamental, uma crítica que o organismo de avaliação faz não só no caso português, mas no geral dos 21 países analisados: "O papel do FMI na protecção social foi limitado e a sua abordagem estava centrada nas contas públicas". Dessa forma, as políticas de ajustamento durante o programa português foram desenhadas para resolver estas questões, afirma o organismo, acrescentando que, ao mesmo tempo, existia a preocupação de proteger os mais vulneráveis dos choques económicos.

Durante o programa de ajustamento foram incluídas várias medidas direccionadas para cortar os benefícios sociais "ao mesmo tempo que se protegia as famílias com rendimentos mais baixos", entende o organismo de avaliação do FMI.

Papel secundário

O texto afirma que mesmo depois de, em 2012, as autoridades terem avançado com medidas como a sobretaxa de IRS e a redução de alguns programas sociais e benefícios de pensões, "o FMI continuou a pedir benefícios mais baixos e mais direccionados", uma posição que surge também "no primeiro relatório de monitorização pós-programa, que sublinhava, uma vez mais, a necessidade de reformas no mercado de trabalho, nas pensões e em outros benefícios sociais".

Outra das conclusões do organismo independente é que "o FMI desempenhou, maioritariamente, um papel secundário em vez de ser o principal contribuidor para os esforços de minimizar os custos sociais do ajustamento".

Por fim, o organismo deixa um conjunto de recomendações ao FMI, entre as quais a definição "mais realista" dos programas de ajustamento, tendo em consideração os "impactos adversos" das medidas nos mais vulneráveis.

O gabinete independente de avaliação (IEO, na sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional (FMI), um organismo interno da instituição liderada por Christine Lagarde, publicou esta terça-feira um conjunto de relatórios sobre o papel do Fundo na protecção social em 21 países, entre 2006 e 2015.

Comentários
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  • Fausto
    15 set, 2017 Lisboa 12:31
    A moeda única na Europa...desta forma nunca vai funcionar...existe muita desigualdade entre países...a nível salarial e social...a introdução da moeda foi inclusive a maior calamidade do séc XXI...aumentando drasticamente os bens de consumo...é reduzindo de forma igualmente drástica o valor dos bens materiais...basta juntar 2 2 para se perceber quem ficou a ganhar com esta alteração...
  • trafulhice
    25 jul, 2017 23:15
    Se bem me lembro a troika da qual fazia parte o FMI impôs por cá e noutros países a seu belo prazer, agora estão a tentar fazer-se passar por santinhos atirando as culpas sobre quem esteve sob o seu domínio, penso estar aqui agora uma boa oportunidade de o actual governo os ignorar e trabalhar apenas à sua maneira.
  • José
    25 jul, 2017 Braga 11:31
    O capitalismo desgovernado é a epidemia do século... Então, o resgate, foi para quê!!! Para tirar o País da miséria ou os bancos da ruína... Pelos vistos, não foi para dar de comer aos pobres, muito menos, para auxiliar os doentes, desempregados, crianças e idosos que passam fome, enfim, diminuir as desigualdades e colmatar as assimetrias, cada vez mais gritantes no País.... Salários milionários, são pagos, para que estes senhores levem bancos, empresas, e até o próprio Estado à falência… Enquanto existem atritos, para aumentar o salário mínimo, em poucos euros...E agora a culpa morre solteira... Estou rendido à novidade...
  • Carlos Gonçalves
    25 jul, 2017 Seixal 11:23
    EM PORTUGAL FORAM OS GOVERNOS OU O GOVERNO PSD/CDS????
  • Alberto Martins
    25 jul, 2017 Lisboa 11:13
    Desconfio sempre das preocupações sociais do FMI que integrava a Troyka. Aliás nunca se viu qualquer preocupação da troyka a não ser cortes e austeridade. Bem sei que várias vezes afirmaram que queriam chegar a resultados mas a maneira de lá chegar seria decisão do governo. Juntar isto à manifesta vontade de cortes cegos por parte de passos coelho custasse o que custasse queria surpreender e ir muito para além da troyka cujo exemplo foi o corte na Saude publica em mais do dobro que a troyka exigia, para beneficiar os interesses da saude privada em que macedo do BCP foi um mestre. Nunca passos coelho se preocupou com tudo que fosse de classe alta para baixo e sempre esteve preocupado com accionistas das grandes empresas e bancos. Depois de 6 anos de governo do gatuno 44 levar com o governo passos/portas foi a maior calamidade que atingiu os portugueses e este pais depois da morte de D. Sebastião que levou á perda da independência de Portugal.
  • XXT
    25 jul, 2017 Lisboa 11:07
    "FMI" e "proteger os mais vulneráveis" na mesma frase não faz qualquer sentido... Isso será sempre aquilo que nem sequer está na lista deles.
  • Que se fd" esta me"
    25 jul, 2017 europoder sobre os fracos 11:05
    Cambada de hipócritas, xulos, fascistas, vampiros, é o que este fmi é. Porque vêm agora disfarçar quando as suas exigências, foram isto mesmo, mandar cortar e empobrecer, fosse no que fosse. Estes hipócritas noj--- , que me lembre, depois de haver cortes atrás de cortes, depois de se empobrecer drasticamente, ainda o que se ouvia da parte destes chupistas é que nunca estavam satisfeitos e pediam sempre mais e mais, e o burro do coelho, cachorro obediente, a aconselhar a emigrar e a chamar de piegas. Tenham vergonha. Eu ainda tenho o meu salário congelado, não estou a viver melhor, e ainda mesmo sendo mais beneficiado que muitos reformados, com reformas miseráveis, eu também sou precário. Este país virou miséria mesmo para os que estão a trabalhar. Com estes salários de me----da e com esta me--da da moeda única, ninguém se safa, está-se a viver muito pior que o escudo, mas mesmo muito pior. Onde estavam os calhaus dos contabilistas, estes calhaus que dizem agora que se fosse para o escudo ainda se empobrecia mais, mas toda a gente sabe disto, porque não disseram o mesmo para que as pessoas tomassem consciência que iriam pagar a dobrar om esta porcaria desta moeda. NOJ---TOS! Mas foi o que nos aconteceu com esta mudança. Eu não me sinto representado nesta europa. Foi boa foi para muitos meteram os subsídios, que vieram dos fundos europeus, a engrandecer as suas contas. Estes sim estão satisfeitos com a u.europeida. Que europa é esta, onde se vê é só miséria.
  • FR
    25 jul, 2017 Portugal 10:48
    Ou seja, andou-se a culpar o FMI, mas quem andava a provocar instabilidade,miséria e grande injustiça eram ordens executivas, como sempre. Podiam começar já por cortar 50% nas pensões vitalícias dos governantes e noutros certos benefícios. Mas suspeito que prefeririam ver o país a explodir que fazer isso. Dado que política é instrumento para enriquecer.
  • Joaquim Soares
    25 jul, 2017 Famalicão 10:43
    Pois é e continua a ser os governos ignoraram as recomenndações do FMI para proteger os mais vulneráveis e temos em risco de pobreza quase 2,6 milhões de Portugueses é de lamentar
  • Lourenço
    25 jul, 2017 Almada 10:35
    Para quê esta conversa agora? É só para "ingles ver?", ou para o povo se aperceber bem do lindo trabalho que o Passos Coelho fez? Se a intenção é essa, é perda de tempo porque já toda a gente se apercebeu disso. Principalmente os mais vulneráveis, não é?

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