12 set, 2017 - 13:06 • Olímpia Mairos
As vastas áreas florestais ardidas neste Verão, "juntando-se ao flagelo do ano transacto, constituem um problema sério para a apicultura, com a morte de milhares de colmeias, tanto nas zonas rurais como no litoral do país”. O alerta é deixado por Paulo Russo Almeida, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Investigador em apicultura, Russo Almeida alerta que, a manter-se esta vaga de incêndios ano após ano, “os apicultores começam a não ter locais para colocarem os seus apiários, para além de verem as suas colmeias a desaparecerem irremediavelmente”, realçando que “os locais ardidos, nem este ano, nem no próximo, têm condições para produzirem”.
Segundo o investigador, nos meios rurais os fogos florestais destruíram “vastas extensões de rosmaninho, urze, torgas, chamiça, queirogas, silvas, tomilho, estevas, giestas e outras espécies arbustivas, que levam sempre dois ou três anos a regenerarem-se, e que são fundamentais não só para alimentação das abelhas, mas também para a polinização e a qualidade do mel”.
Mas o problema, na análise de Paulo Almeida, estende-se também ao litoral, onde ardem os eucaliptais, “em cuja flor as abelhas procuram a matéria-prima elementar para a produção do mel”.
O investigador da UTAD alerta também os apicultores para a importância de garantirem “um anel de segurança, com cerca de 10 metros de largura em volta dos apiários, eliminando a matéria combustível”, e sugere, quando possível, “a colocação de telas de tecido em redor das colónias que isolem o terreno, impedindo o crescimento das plantas”.
Paulo Almeida estranha que “quando se anunciam apoios oficiais para repor a floresta flagelada pelos incêndios e para as empresas que deixaram de laborar por falta de madeira” não se fale “em apoiar também os apicultores que viram os incêndios destruírem as suas colmeias e que precisam urgentemente de ajudas, não só para reposição dos apiários mas, também, para alimentação das abelhas por falta de pasto, neste ano”.