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Combustíveis. Bruxelas vai investigar sucessivos aumentos em Portugal

28 set, 2017 - 07:12

Governo quer saber se há ou não concertação de preços ou abuso de posição dominante das petrolíferas.

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"Os desvios significativos e sistemáticos" nos preços dos combustíveis praticados em Portugal relativamente aos valores internacionais estão a preocupar o Governo. Jorge Seguro Sanches, secretário de Estado da Energia, pediu já a Bruxelas que investigue se há ou não "concertação de preços ou abuso de posição dominante".

A notícia é avançada na edição desta quinta-feira dos jornais “Jornal de Notícias” e “Diário de Notíicas”.

Em carta enviada a Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência, Seguro Sanches solicita a verificação da conformidade com as regras dos mecanismos que levam à formação do preço final dos combustíveis, em especial nos índices Platts. Um pedido que, apesar de seguir com a indicação de urgente, ainda não teve resposta de Bruxelas, o que levou o governante a fazer nova insistência.

"Nos últimos anos, tem vindo a verificar-se uma conjuntura de sucessivos aumentos de preço dos combustíveis que não refletem o mercado internacional", com repercussões "extremamente negativas" na economia nacional e junto dos consumidores, adianta o secretário de Estado na carta, a que a imprensa teve acesso.

O governante admite que "muitas têm sido as explicações avançadas", nomeadamente atribuindo-os, em alguns momentos, a "eventuais comportamentos das empresas petrolíferas a operar em Portugal, os quais poderão consubstanciar infracções às disposições legais".

Jorge Seguro Sanches assume que o facto de os preços no mercado nacional "apresentarem desvios significativos e sistemáticos" face aos preços internacionais, desvios esses "suscetíveis de indiciarem qualquer comportamento ilícito do tipo concentração de preço ou abuso de posição dominante", se mantêm uma preocupação.

Pelo que, seguindo uma recomendação da Assembleia da República, solicita a "avaliação e verificação das regras de concorrência, dos mecanismos que conduzem aos índices Platts/NWE /Roterdão, dos produtos refinados à saída das refinarias no Norte da Europa que servem de referência à fixação de preços à saída das refinarias em Portugal, assim como das cotações Platts/ /MED Lavera para a zona do Mediterrâneo".

Os Platts cotados em Roterdão servem de referência às refinarias no Noroeste europeu e os de Lavera às refinarias do Mediterrâneo. "Em 2013, Bruxelas assumiu desconfiar de manipulação das cotações do petróleo, tendo, então, procedido a buscas em petrolíferas como a Shell, a BP e a Statoil, mas também em várias trading houses e nos escritórios da Platts, propriedade do mesmo grupo da Standards & Poor"s.

Jorge Seguro Sanches, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, assume que a conclusão dessa investigação "é uma das respostas" que o Governo gostaria de ter. "Precisamos de ter mais informação para conseguir que o nosso mercado funcione de forma mais clara e transparente." No início do ano, o governo solicitou uma investigação à Autoridade da Concorrência, mas esta sobre as margens brutas das refinarias, que "têm vindo a aumentar de forma significativa e desviando-se da sua média histórica". A AdC ainda "não tem data precisa de conclusão", mas sublinha que "tem estado muito activa na área da energia".

Comentários
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  • Maria Manuela Nunes
    28 set, 2017 Queluz 18:59
    Então a subida dos combustíveis não está, desde, sempre ligada à carga, cada vez maior, de impostos? É preciso ter lata!
  • José Seco
    28 set, 2017 Lisboa 18:23
    Por que razão os preços são altos mesmo quando os impostos baixam? Por que razão há países onde os impostos são mais altos e no entanto os preços dos combustíveis são mais baixos do que em Portugal?
  • Jorge
    28 set, 2017 Seixal 17:54
    Os Platts cotados em Roterdão servem de referência às refinarias no Noroeste europeu e os de Lavera às refinarias do Mediterrâneo. Para a Galp, como são todos bons rapazes, servem de referência os dois, é sempre o que tiver a cotação mais alta.
  • António Manuel
    28 set, 2017 Covilhã 12:31
    Uns e outros são execráveis com sua ganância sem freio! É um autêntico FARTAR VILANAGEM! Votar nesta gente?! NUNCA! Nem que fosse obrigatório, pois considero desprezível toda esta "alcateia" política.
  • Filipe
    28 set, 2017 évora 12:08
    É muita gente acionista a mamar a sua percentagem todos os anos com o aumento devido , sentados no sofá em casa , gerem os lucros das portagens e tudo que aderiram como acionistas . Abriram as portas ao que Salazar nunca deixou e depois queixam-se que uns ganham 100 mil euros por mês e enviam euros por baixo da mesa para as Ilhas Desertas e outros tem a Sopa dos Pobres ... continuem é a votar nessa treta toda !
  • JEREMIAS RODRIGUES V
    28 set, 2017 viseu 11:42
    Se nao escrever nada os meus comentários aparecem?
  • PAF
    28 set, 2017 Lx 10:58
    1.º Não deixa ser notável ter de pedir uma avaliação externa. 2.º Não se lembram da carga de impostos que impendem sobre os combustíveis, os quais ascendem a mais de 60% do valor pago por litro.
  • Albertina Sarmento
    28 set, 2017 Estoril 10:49
    Gostei de sobremaneira desta tirada: :) "...A AdC ainda "não tem data precisa de conclusão", mas sublinha que "tem estado muito activa na área da energia".
  • zedaroda
    28 set, 2017 Viseu 10:46
    Isto é só a atirar areia para os olhos !...ninguém faz nada, todos comem da mesma panela.
  • ricky
    28 set, 2017 Lisboa 10:43
    2 coisas. 1º confirma-se a total incompetencia do governo quando refere que, apesar das flagrantes circunstâncias visiveis por todos, ainda não sabe se há abuso de posição dominante ou concertação de preços. 2º, pode ser que venha algo de bom lá de fora, visto que em principio será uma entidade independente, e além disso a Galp não é das petroliferas dominantes na europa.

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