19 out, 2017 - 22:18
A venda do Novo Banco à Lone Star é positiva para a estabilização do sistema financeiro português, considera Pablo Forero, presidente executivo do Banco BPI, destacando que, apesar de o negócio não ser o ideal, resolve o problema.
"Na nossa opinião, o que o Governo, o Banco de Portugal e as autoridades europeias tentaram - porque não há solução óptima - foi provavelmente encontrar a solução menos má", afirmou o gestor, em reacção à venda à Lone Star de 75% do Novo Banco, que foi concluída na quarta-feira.
Segundo Forero, "o que convém a Portugal e ao sistema financeiro português é que o processo seja fechado, que a página seja virada e que se ande para a frente".
E acrescentou: "Estamos contentes porque a situação está resolvida. Não é óptima, mas era impossível encontrar uma solução óptima".
O líder do BPI sublinhou que "a venda do Novo Banco é um passo muito importante para a estabilização do sistema financeiro português" e que "resolver o processo é uma peça muito importante para Portugal, até para recuperar o 'investment grade'", isto é, o grau de investimento conferido pelas agências de 'rating'.
"É um passo muito importante para Portugal fechar o capítulo da crise económica e financeira", reforçou.
Questionado sobre se o CaixaBank (que controla 85% do capital do BPI) se arrepende de ter perdido esta oportunidade para ganhar maior dimensão no mercado português, Forero disse que esta questão "foi muito analisada, em profundidade", mas que "a decisão é que a oportunidade para o BPI está no crescimento orgânico".
"A compra do NB não encaixava bem no que queríamos fazer em Portugal", vincou.
Já sobre a possibilidade de o BPI vir a entrar na corrida por activos do Novo Banco que a Lone Star venha a alienar no futuro, Forero disse que é necessário "olhar para todas as oportunidades de fazer negócios e para todas as áreas, como empréstimos".
Mas assinalou que "há que esperar o que vai fazer a Lone Star", sublinhando que, na sua opinião, caso venha a ocorrer uma alienação de activos do Novo Banco "as condições têm que ser de mercado", sem privilegiar os bancos que integram o Fundo de Resolução (detentor de 25% do Novo Banco) e que, por essa via, poderiam ter algum tipo de desconto.
De resto, questionado sobre se o BPI, à semelhança do que fez o BCP no início de Setembro, também ia recorrer aos tribunais para clarificar a questão legal relacionada com as garantias prestadas pelo fundo de resolução ao Lone Star no âmbito da venda do Novo Banco, ou constituir-se como assistente no processo iniciado pelo banco liderado por Nuno Amado, Forero descartou essas possibilidades.
"Não. Primeiro porque o processo já está feito pelo BCP. Depois, porque a situação do BES era muito má. Não há uma situação óptima para solucionar o BES", afirmou, considerando que "o BCP pede um esclarecimento muito razoável" e que não comprometeu o processo de venda.