06 nov, 2017 - 21:29 • João Carlos Malta
Ela é uma mulher de frases fortes, como mostrou no arranque da Web Summit 2017: “Temos de recuperar a nossa democracia”, “a sociedade é feita de pessoas, não é feita de tecnologia”. Mas é também uma política de acções com impacto, grande impacto. Pôs a Apple a pagar 13 mil milhões de euros por ajuda ilegal de Estado e a Google a ser multada em 2,4 mil milhões por abuso de posição dominante.
A comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, mostrou ao que vinha em Lisboa. Ela quer que os pequeninos do mundo dos negócios, as “startups”, possam entrar na “sala” dos grandes como o Facebook ou a Microsoft.
“Temos de garantir que todos que querem entrar no mercado o podem fazer de forma justa. Todos querem ser o próximo Google, querem ter sucesso. Não podemos é dizer que não queremos mais competidores, que não temos de inovar, a competição é um dos maiores motores da inovação”, avisou a comissária, que enquanto foi política na Dinamarca serviu de inspiração para a personagem principal da série “Borgen”.
Muito criticada pelas multas pesadas que impõe às gigantes norte-americanas da tecnologia, Vestager responde que nunca se sente tão europeia como quando está nos Estados Unidos.
“Construímos um mercado enorme, mas é um mercado em que nos preocupamos, com o ambiente, condições de trabalho, etc.. Temos de intervir, temos de garantir que não é a lei da selva, mas as leis da democracia”, defende.
Para Vestager, mesmo num mercado livre é preciso que os poderes públicos intervenham. Porquê? Para garantir a própria democracia. “Temos de recuperar a nossa democracia de volta, a sociedade é para as pessoas, não é tecnologia”, argumentou.