06 nov, 2017 - 20:37
O cientista Stephen Hawking está optimista sobre o uso que se dará à inteligência artificial (IA), mas lança sérios avisos porque este processo pode ser o “melhor ou o pior para a humanidade”. O renomeado físico teórico e cosmólogo britânico foi convidado surpresa da abertura da Web Summit.
Através de uma mensagem vídeo, divulgada nos dois ecrãs gigantes do palco principal da cimeira de tecnologia, Stephen Hawking afirmou o seu optimismo e a sua crença de que a IA pode tornar o mundo melhor.
“Apenas necessitamos de estar cientes dos perigos, identificá-los e empregar a melhor prática e gestão e preparar as consequências [da IA] com bastante avanço”, comentou o cientista, numa posição divulgada na cerimónia de abertura da Web Summit, que fez esgotar a capacidade de 15 mil pessoas na Altice Arena, no Parque das Nações (Lisboa).
Recordando a sua própria experiência de uso de tecnologia, uma vez que é tetraplégico e sem possibilidade de falar, o cientista, que ajudou a compreender nomeadamente o papel dos buracos negros, referiu que esta nova revolução tecnológica talvez possa fazer anular os danos infligidos no mundo natural pela industrialização.
“Nós poderemos ansiar finalmente a erradicar a doença e a pobreza. Todos os aspectos das nossas vidas serão transformados”, admitiu o professor, que argumentou sobre o papel que todos têm para garantir que esta e a próxima geração “têm não só a oportunidade, mas a determinação para se comprometerem inteiramente com o estudo da ciência num nível antecipado para se alcançar o potencial e criar um melhor mundo para toda a raça humana”.
O cientista enumerou algumas eventuais consequências pelo mau uso, como armas autónomas, que podem destruir seres humanos, para resumir que a inteligência artificial pode ser o “melhor ou o pior que acontece à humanidade”.
A viagem da Feedzai
O vídeo da intervenção do cientista foi lançado pelo português Nuno Sebastião, fundador e dirigente da Feedzai, que opera na área da inteligência artificial para prevenir fraudes.
Na sua intervenção, Nuno Sebastião recordou a herança que os exploradores deixaram aos portugueses, exemplificando com o navegador Fernão de Magalhães.
“A minha própria viagem começou na agência espacial europeia, a ultrapassar novas fronteiras”, referiu o CEO, que comentou a sua actual actividade na IA, na qual continua a querer “ultrapassar fronteiras” com inovação e conhecimento.
“E também para construir um novo mundo”, referiu o português, garantindo que neste caminho há responsabilidades, riscos e desafios, sublinhando a importância de colocar a IA com “bom uso”. E assim deixar “filhos e netos agradecidos pelo pioneirismo”, concluiu.
A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.
Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil “startups”, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa por três anos, com possibilidade de mais dois de permanência na capital portuguesa.