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Madeira das áreas ardidas vendida a preço de saldo

14 nov, 2017 - 19:42 • Paula Costa Dias

Milhares de toneladas estão a ser vendidas por um valor muito baixo devido ao excesso de oferta. Produtores temem substituição das áreas de pinhal por eucaliptos.

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Milhares de toneladas de madeira, retiradas das zonas ardidas na região Centro, estão a ser vendidas por valor muito baixo devido ao excesso de oferta.

As serrações não têm mãos a medir e os proprietários têm cada vez mais urgência em livrar-se desta madeira.

Fernando Dias, administrador de uma serração no concelho da Sertã, diz que as unidades de transformação estão a comprar a madeira queimada “cinco ou seis euros mais barato” em relação ao preço habitual.

A diminuição do preço explica-se também pela diminuição da qualidade, explica o empresário. “A madeira de Pedrógão já está a ficar deteriorada, essa madeira, praticamente, já não tem venda”, só dá para triturar ou fazer paletes.

A perda de peso da madeira devido à secagem provocada pelos incêndios é outra razão para a perda de valor comercial. O presidente da Aproflora - Associação de Produtores Florestais e Agrícolas da Zona do Pinhal, Alfredo Dias, pede uma solução urgente, mas não está a ser fácil.

“Os proprietários não têm a capacidade, por eles próprios, de abaterem as árvores e processarem a madeira”, afirma Alfredo Dias.

A associação faz esse serviço e não tem tido mãos a medir. No concelho da Sertã há cerca de 700 pequenos produtores florestais que, com os incêndios, estão a sofrer uma quebra significativa nos rendimentos.

“É não só a perda económica que as pessoas tiveram, que é significativa. Os pinheiros com 10 ou 15 anos que as pessoas lá têm valem muito pouco. Estou convencido que, se não forem tomadas medidas, em muitos casos os proprietários nem os vão cortar, porque não compensa o preço que recebem pela madeira que vão tirar de lá”, adverte Alfredo Dias.

Outro risco é que os proprietários transformem um pinhal num eucaliptal para conseguirem rendimentos de forma mais rápida, alerta o empresário.

A eliminação das áreas de pinheiro vai deixar as indústrias transformadoras sem matéria-prima nacional e importar “poderá ser muito difícil, senão inviável economicamente”.

“Eu acho que isso é altamente preocupante porque há muitos milhares de postos de trabalho na fileira do pinho e é ainda mais relevante para estas zona do interior, porque a indústria de pasta de papel está essencialmente concentrada no litoral, as maiores unidades de processamento de madeira de pinho estão completamente espalhadas no interior. Se deixar de haver matéria-prima essas unidades vão ter que fechar, são milhares e milhares de postos de trabalho que se vão perder. É mais um contributo para a desertificação destas zonas”, afirma o presidente da Aproflora.

Nos últimos tempos tem havido um aumento dos pedidos de plantação de eucaliptos em terrenos ardidos, por isso, Alfredo Dias pede que seja aproveitada esta janela de oportunidade para introduzir mudanças na floresta portuguesa, nomeadamente a plantação de espécies mais resistentes ao fogo, numa gestão comum com os diferentes proprietários.

Comentários
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  • Professor Martelo
    15 nov, 2017 Amaraleja 09:09
    Aqui falha, ou é CONIVENTE, o governo. devia ter decretado a proibição da madeira ardida!!! e onde está o sr. presidente?
  • Aletras
    15 nov, 2017 Lx 07:33
    O eucalipto cresce mais rápido que o pinheiro, MSS com SS suas graves e trágicas contrapartidas, destroi os solos e é im excelente combudtivrl para atear e espalhar o fogo. Para além de imprudentemente os continuarem a plantar junto as populações....infelizmente deu no que deu.
  • José Seco
    15 nov, 2017 Lisboa 06:08
    Ora aqui estão os autores dos fogos em Portugal! O que espera a justiça para agir?
  • Paulo Rocha
    15 nov, 2017 Miraflores 04:37
    O problema é mesmo esse. Está situação só favorece os madeireiras e a Portucel que compra a preço de saldo a Madeira queimada para ter mais lucros . A única forma de resolver este assunto é precisamente proibir a venda da madeira queimada e ser o Estado a indemnizar as famílias . Deste modo os madeireirros acabariam por não fazer mais incêndios . Tem ainda de se alterar a moldura penal para homicídio voluntário para os incendiários sempre que há mirtes de forma a não serem presentes aos juizes e saírem cá para forma com pena suspensa. Paulo Rocha
  • José Fortes
    15 nov, 2017 Nazare 00:22
    Nenhum agricultor deseja ver as suas propriedades com pinhal porque a rentabilidade é nula. Um pinhal demora 80 a100 anos a criar-se. Um eucalipto demora em média 15 anos. Se uma agricultor plantar pinheiros nunca os corta. Se plantar eucaliptos pode cortá-los 3 vezes. Um hectare de eucaliptos dará á volta de 200 toneladas em 15 anos. Um pinhal dará um pouco mais mas em 80 ou 100 anos. O preço da tonelada de eucalipto anda á volta de 30 euros o pinhal 40. Basta fazer as contas para perceber que o pinhal tem os dias contados. Quem deverá plantar pinhal? O Estado. O Pinhal de Leiria e algumas propriedades que surjam sem dono devem ser plantadas de pinhal. Se a indústria precisa de matéria-prima deve ser o Estado a fornecê-la, uma vez que as árvores são necessárias para nos fornecer o oxigénio de que tanto necessitamos, Quanto aos incêndios "arrecadem" todos os incendiários conhecidos de Março a Outubro e os fogos diminuirão drasticamente. Há quartéis de tropa devolutos coloquem-nos lá e obriguem-nos a repovoar os terrenos que eles destruíram
  • Ignorante
    14 nov, 2017 Lisboa 23:41
    Se efetuarem uma lei a obrigar esta industria a pagar um valor da madeira queimada igual ao da madeira em estado natural, obrigando ainda á emissao de fatura aos proprietarios lesados. Talvez não houvessem tantos incendios. Por outro lado poderia o Estado Português usar parte desta madeira para efetuar casas de habitação com alguns materiais extra, para os desalojados. Haveria muita poupança e menos desperdicio .
  • Antonio Silva
    14 nov, 2017 Braga 21:06
    Exatamente o que queriam os interessados...os incendiários!
  • Filipe
    14 nov, 2017 évora 20:28
    Ora bem ! É esse o negócio próspero que todos aqueles que pegam fogo esperam ! Vamos ver depois aparecerem nas mãos dessa gente Mercedes e casas de praia para oferecerem aos filhos ! Devia ser proibido por Decreto Lei a venda dessa madeira que matou inocentes . O Estado devia tomar posse e constituir dessa madeira fundos para para pagar às pessoas afetadas ou ajudar na reflorestação . Os jogos solidários não chegam e é bem pior que os jantares no Panteão , porque estão a divertirem-se , a beber copos por conta dos mortos e das vítimas , tivessem organizado uma missa em Fátima e angariado daí fundos ! Continuam a brincar com os mortos e inocentes descaradamente !

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