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Arménio Carlos. “Com o aumento do salário mínimo ganham todos"

22 nov, 2017 - 09:15

Convidado da Manhã da Renascença, o secretário-geral da CGTP comenta a deslocação da sede do Infarmed para o Porto. “É a negação do princípio do diálogo social”.

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Um salário mínimo de 600 euros é possível, justo e beneficia todos, defende o secretário-geral da CGTP.

“O aumento dos salários e do salário mínimo nacional é um investimento com retorno, ganham todos: ganham os trabalhadores porque aumentam os seus rendimentos; ganham as empresas, porque vão vender mais; ganha o emprego; ganha a economia; ganha a Segurança Social”, defende Arménio Carlos na Renascença.

O Governo já anunciou que não irá além dos 580 euros, mas o secretário-geral da CGTP considera que essa é apenas “uma base de partida para a negociação”.

“Qualquer negociação não deve ter, à partida, tabus e muito menos qualquer tipo de posições de amputação ao diálogo”, afirma, enunciando depois as razões pelas quais defende os 600 euros.

“Há um crescimento da economia, porque praticamente todos os sectores de actividade onde se pratica o salário mínimo nacional estão a fazer negócio acima do normal e a ter lucros cada vez mais significativos; as exportações aumentaram na indústria, têxtil, vestuário e calçado; temos o turismo, a hotelaria e a restauração com níveis de negócio muito elevados; temos os serviços também numa situação muito vantajosa; temos a construção num quadro de reabilitação de uma grande parte de prédios das grandes cidades”, aponta.

Neste cenário, Arménio Carlos conclui que “há todas as condições para responder à reivindicação” da CGTP.

E destaca: “Se o salário mínimo nacional fosse actualizado desde 1974 até agora, de acordo com o valor da inflação e a produtividade, em 2018 o valor deveria ser de 1.277 euros”.

Além do salário mínimo, o líder da CGTP defende o aumento dos restantes salários “sob pena de correremos o risco de qualquer dia termos o salário mínimo nacional como referência média – o que quereria dizer que estávamos a baixar os salários ainda mais”.

“O salário mínimo nacional deve ser um factor de estímulo à subida de todos os restantes salários”, defende.

Mas os patrões dizem não terem capacidade para subir mais nem o salário mínimo nem os outros vencimentos. Arménio Carlos responde, dizendo que “a questão de fundo” não é o peso dos salários, mas outra, onde “ninguém quer tocar, a começar pelo Governo”.

“Tem a ver com os custos de contexto, os preços da energia, dos combustíveis etc. E não querem tocar aí, porquê? Porque aí toca-se nos interesses instalados. Toca-se na EDP, que no ano passado teve mais de mil milhões de euro de lucro líquido e que grande parte dessas verbas não ficaram em Portugal, não foram reinvestidas na empresa, foram transferidas para o estrangeiro, para os accionistas e é este o problema que tem de ser tratado e até agora não foi”, critica.

Não há dinheiro? Há, mas “temos uma despesa supérflua”

Desafiado a comentar as palavras do primeiro-ministro sobre o “não haver dinheiro para tudo”, o secretário-geral da CGTP diz que “continua a haver dinheiro onde não devia existir”.

Comentando o Orçamento do Estado para o próximo ano, Arménio Carlos afirma: “Temos uma despesa supérflua, nomeadamente com as PPP [parcerias público-privadas] – só nas rodoviárias, está previsto gastar-se 1.171 milhões de euros com renda de 8% ao ano. Eu não conheço nenhum banco que pague 8% ao ano. Bastava aqui reduzir 4%, nestas receitas que as PPP rodoviárias têm e nós poupávamos 600 milhões de euros”.

“Por outro lado, temos 850 milhões de euros que é o que os nossos impostos vão pagar para serem transferidos para o fundo de resolução, nomeadamente no que respeita ao sector privado financeiro”, prossegue.

“Depois temos outros serviços de milhões de euros que vão ser entregues à iniciativa privada quando podiam ser feitos por trabalhadores do Estado e aqui já temos mais sensivelmente à volta de dois mil milhões de euros. Já não falo nos juros da dívida”, resume.

No que toca à questão das carreiras, o líder sindical defende que “os compromissos são para honrar” e que “faz todo o sentido dar o mesmo tratamento a outras categorias profissionais que neste momento estão na mesma situação” que os professores.

O assunto deve ser trabalhado com o sindicato de cada classe social, afirma Arménio Carlos, apontando “o que está em causa neste momento: o descongelamento das carreiras, o reconhecimento do tempo em que as carreiras estiveram congeladas e depois a compensação, que terá de ser negociada para os próximos tempos”.

Governo agiu mal com trabalhadores do Infarmed

A comissão de trabalhadores do Infarmed diz ter sido apanhada de surpresa com a mudança da sede do instituto para o Porto e que soube da novidade pela comunicação social.

“Desde logo, isso é a negação do princípio do diálogo social e da auscultação aos representantes dos trabalhadores”, defende o secretário-geral da CGTP.

“Creio que o Governo aí também não está a andar bem. Primeiro, devia envolver os trabalhadores, explicar os objectivos, procurar encontrar consensos e depois anunciar publicamente. Fez precisamente ao contrário. Isso não é um bom sinal”, sentencia.

Comentários
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  • Carlos Gonçalves
    19 dez, 2017 ALMADA 14:02
    Basta ver o que fizeram, deram cabo da Industria deste País . Lisnave, Setenave, Sidurigia Nacional e outras mais . Onde a CGTP pôe as mãos está tudo estragado . Não podem e não gostam do grande capital. Daí, o desemprego . Aqui em Almada, deram cabo da Industria do emprego, com a ajuda da autarquia . Uma coisa é certa, vão dar cabo da Auto Europa . Acreditem.
  • Francisco Neves
    05 dez, 2017 Sertã 10:34
    beneficia o trabalhador concerteza mas olhe sabe uma coisa? Infelizmente as minhas dias funcionárias vão ter de ir para i desemprego porque não tenho condições de pagar ordenados mínimos desta natureza.
  • Rui M. Palmela
    24 nov, 2017 Setubal 07:46
    Será se o PCP estivesse no governo havia tantas greves e reivindicações que os Sindicatos fazem pouco se importando com o prejuizo causado ao país e na vida das populações? O 1º Ministro António Costa devia convidar o sr. Arménio Carlos a ocupar o seu lugar para ver o que é que ele faria com sua pretensa sabedoria para governar uma Nação.
  • Vitor Manuel Prereir
    22 nov, 2017 porto 14:22
    Se não fosse a esquerda estávamos lixados morríamos á fome, uma vez que o PSD e CDS são os partidos da austeridade e querem que os pobres morram á fome.hoje em dia quem vive com um ordenado até 750 euros passa fome, quem vive de 750 a 1000 euros passa dificuldades, acima dos 1000 a 1500 euros já começa a viver melhor e acima dos 1500 euros já se vive muito bem. Por isso ninguém devia de viver abaixo dos 1000 euros e ninguém no estado devia ter um ordenado acima dos 3000 euros e ninguém devia ter uma reforma acima dos 2000 euros. é a minha opinião e acho que é a mais justa. Passem esta mensagem para chegar aos partidos
  • TUGA
    22 nov, 2017 Lisboa 12:01
    Este não seria melhor ir trabalhar?? ser útil ao país?? em vez de andar na promoção de espetáculos para promover o PCP dono da CGTP?? Mais dinheiro, menos trabalho, mais dias de férias, baixa de impostos, não me digam que o PCP vai vender os imóveis para pagar esta despesa toda??? Como se pode acreditar que o povo aceite ver os professores ganharem mais, chegarem ao topo da carreira à balda, e os restantes trabalhadores ficarem a chuchar no dedo?? Já existem em Portugal trabalhadores de 1ª FP. de 2ª Privado, agora dentro dos trabalhadores de 1ª ainda se criava uma 1ª classe!!! está tudo doido??? Sem a PIDE volta Dr. António de Oliveira Salazar, estás perdoado!!!! foi para isto o 25 de Abril???
  • Maria
    22 nov, 2017 Porto 12:01
    Pois é! Já cá vamos ter a Troika de novo? A Europa já está a avisar quanto às "falhas" do OE 2018. E viva o Costa mais os seus comparsas! Aliás Dr, Costa anda muito fugido das câmaras...Porque será? Acabou o tempo das vacas gordas? Já gastou tudo o que os outros (tão criticados) conseguiram amealhar? É que eu também ando a pagar para esta pouca vergonha e ele custa-me a ganhar!! País roubado, queimado, até a chuva nos foge.
  • ricky
    22 nov, 2017 Lisboa 11:47
    O grande problema do salário minimo, não é o salário minimo em si, são todos os outros salarios acima que estão baseados no salario minimo, ou seja, função publica. Por exemplo, um director recebe 3x o salario minimo, um ministro 10x, o presidente 15x, um secretário de estado 8x e por ai fora. Está tudo indexado ao salário minimo! Porque é que não falam nisto ?
  • JAS
    22 nov, 2017 Lisboa 11:45
    Claro principalmente os sindicatos pois têm mais base salarial para cobrar quotas maiores!
  • DR XICO
    22 nov, 2017 LISBOA 11:36
    Ó Arménio está calado, andas a defender os pansudos dos professores nem o presidente da republica lhes dá razão. Todos percebemos que as finanças publicas não aguentam os aumentos e promoções dos ordenadões dessa classe, com 25 horas de trabalho p/semana e 105 dias de férias ..bla bla bla e a componente não lectiva, as reuniões, a preparação das aulas bla bla bla
  • COMUNISTA INÚTL
    22 nov, 2017 Lx 11:01
    O filho do inútil vai seguir as pisadas do pai como se vê nas fotos...Será mais um inútil no país a quem temos que suportar.

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