14 mai, 2018 - 09:52
Aumentou a diferença salarial entre os gestores e os funcionários, em Portugal. Nos últimos três anos, os ordenados dos presidentes executivos (CEO) das empresas do PSI-20 subiram 40%, enquanto o salário dos trabalhadores ficou na mesma.
As contas são feitas pelo “Diário de Noticias”. O jornal escreve que um trabalhador precisaria, em média, de “trabalhar 46 anos para conseguir o valor que o CEO ganha em 12 meses”.
De acordo com o jornal, a remuneração média dos CEO das empresas do PSI-20 foi de quase um milhão de euros. Em média, cada um ganhou 996 mil euros brutos, o que compara com uma remuneração de 708 mil euros há três anos, segundo cálculos do jornal, baseados em dados constantes nos relatórios e contas das empresas, e que englobam remunerações fixas, variáveis, prémios e encargos com fundos de pensões.
Já o custo médio assumido pelas empresas com cada funcionário ficou praticamente estagnado: 21,7 mil euros anuais. Excluindo o setor do retalho, que tem os salários mais baixos, o custo médio com cada funcionário é de 32 mil euros, uma descida de 2,7% face a 2014. Os números contabilizam todos os custos com pessoal (remunerações, prémios, outros encargos e indemnizações).
Apesar de o gasto com cada trabalhador ter estagnado, os custos com pessoal aumentaram 16% desde 2014 para 5,41 mil milhões de euros. Essa subida é explicada pelo maior número de trabalhadores. As empresas engordaram os quadros de pessoal em 35 mil. No final de 2017 empregavam quase 250 mil funcionários.
Fosso é maior lá fora
A tendência de subida das remunerações dos gestores tem originado vários alertas. A Deco Proteste, por exemplo, tem recomendado que se devia "fixar um limite máximo para o rácio entre a remuneração do presidente da comissão executiva e a média dos trabalhadores da empresa. Ainda que possa variar em função do setor de atividade, por exemplo, é necessário fixar limites para evitar abusos".
Apesar de em Portugal a diferença entre os salários dos gestores e dos trabalhadores estar a aumentar de ano para ano, o fosso é menor do que se passa em outros países. Nas empresas norte-americanas cotadas era de quase 190 vezes, nas alemãs de cerca de 150 e nas suíças de 130. Na vizinha Espanha, esse rácio era de mais de 60 vezes, segundo dados da Deco Proteste que dizem ainda respeito a 2016.