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"Manobra perigosa". ​Bloco não quer China a controlar a EDP

14 mai, 2018 - 19:40

Catarina Martins diz que se chineses avançarem com uma OPA é "manobra particularmente perigosa". Presidente da República não se pronuncia.

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A possibilidade dos chineses da China Three Gorges avançarem com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para assumir o controlo da EDP é uma "manobra particularmente perigosa", afirma a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins.

"Como é que explicamos que o Estado português não pode mandar na energia e o Estado chinês pode? Esta manobra é particularmente perigosa porque, controlando já o Estado chinês através de várias empresas a REN, aumentando o seu poder com a EDP, aumenta-se a dependência face a um Estado estrangeiro", disse a líder dos bloquistas.

Catarina Martins, que falava aos jornalistas à margem de uma reunião com agentes culturais sobre a criação da Rede de Teatros e Cineteatros que esta tarde decorreu no Rivoli Teatro Municipal, no Porto, disse que esta situação "prova a hipocrisia da legislação europeia".

"Os setores estratégicos da economia devem ter controlo público e nada prova mais a hipocrisia da legislação europeia do que o que está a acontecer com a EDP porque diz que Portugal não pode ser dono da sua própria energia, mas o estado chinês já pode", referiu, frisando que "os setores estratégicos da economia devem ser públicos".

"Foi um erro privatizar a energia. Aquilo em que devíamos estar a pensar agora é como é que a tornamos novamente pública", concluiu a líder do BE.

Marcelo “no comments”

O Presidente da República defendeu esta segunda-feira que não lhe compete pronunciar-se sobre a OPA lançada pela China Three Gorges sobre a EDP, remetendo a questão para o mercado e para as instituições reguladoras e de supervisão.

"É uma matéria sobre a qual eu tenho entendido não me pronunciar", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, à saída de uma iniciativa sobre segurança nacional, na Universidade Nova de Lisboa.

"As empresas têm a sua vida própria. Vivemos numa economia em que existe mercado, em que há instituições reguladoras ou de supervisão. E, portanto, não compete ao Presidente da República estar a pronunciar-se sobre isso", justificou.

Questionado sobre as implicações que a propriedade do setor energético pode ter para a segurança nacional, o chefe de Estado assinalou, uma vez mais, que "há instituições reguladoras e de supervisão", acrescentando: "Elas, naturalmente, atuam".

Os chineses da China Three Gorges anunciaram, na quinta-feira, a intenção de avançar com uma OPApara assumir o controlo da EDP, seis anos depois da entrada no capital da elétrica.

Entretanto, hoje a agência Bloomberg avançou que a EDP - Energias de Portugal prepara-se para rejeitar a OPA que a China Three Gorges anunciou que vai lançar, alegando que o valor proposto é baixo.

A China Three Gorges, fundada em 1993, para construir e administrar o maior projeto hidroelétrico do mundo, no centro da China, é tutelada diretamente pelo Governo chinês, à semelhança da maioria das principais empresas do país.

No seu portal oficial, a China Three Gorges apresenta-se como a "maior construtora de centrais hidroelétricas do mundo e o grupo líder chinês em energias limpas".

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