15 mai, 2018 - 23:25
A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) divulgou esta terça-feira lucros de 6,4 milhões de euros relativos a 2017, em comunicado ao mercado, revendo em baixa o resultado líquido de 30,1 milhões de euros apresentado em fevereiro.
A contribuir para a revisão em baixa dos lucros esteve o aumento das imparidades para crédito (provisões para perdas potenciais com empréstimos), uma vez que tinham sido constituídos 138 milhões de euros pela anterior administração do banco e a atual reviu para 160,7 milhões de euros, ainda assim abaixo das imparidades constituídas em 2016 (182,5 milhões de euros), segundo a informação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
"O mais relevante foi o ajustamento das imparidades que se deveu à avaliação que fizemos - em conjunto com a auditoria e auditores - de alguns dossiês de crédito numa ótica de prudência", disse em declarações aos jornalistas Carlos Tavares, que é presidente da CEMG desde março.
Em causa não estão novos créditos com provisões, mas um reforço das provisões em créditos que já estavam provisionados, explicou.
As contas hoje apresentadas, de lucros de 6,4 milhões de euros em 2017 (menos 23,7 milhões do que o divulgado em 8 de fevereiro), estão já auditadas e certificadas.
No início de fevereiro, a administração do Montepio liderada por Félix Morgado apresentou lucros de 30,1 milhões de euros referentes a 2017, depois de quatro anos consecutivos de prejuízos (2013, 2014, 2015 e 2016) que superaram os 800 milhões de euros em termos acumulados.
Félix Morgado saiu da liderança do banco Montepio em março, sendo substituído pelo ex-presidente da CMVM Carlos Tavares.
A saída de Félix Morgado já vinha sendo antecipada, sendo até conhecida a relação conturbada com o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (a dona da CEMG), Tomás Correia.
Para o futuro, Carlos Tavares diz que quer acelerar a recuperação de crédito e redução de ativos imobiliários (onde o Montepio está acima do sistema).
O responsável disse ainda que o banco tem de melhorar o rácio de eficiência (rácio 'cost-to-income'), que no ano passado ficou em 67% se for retirada a venda da dívida pública no valor de 107 milhões de euros.
"Este ano temos de viver muito mais do que é atividade bancária", disse.
Quanto à melhoria da eficiência do Montepio, considerou que é possível aumentar receitas, desde logo reforçando a presença em zonas do país e segmentos da população a que os bancos ligam menos, considerando que é possível aumentar a presença física do banco em regiões do interior através de extensões de balcões já existentes.