09 jun, 2018 - 02:03
O Conselho de Administração Executivo da EDP considera que o preço oferecido pela China Three Gorges não reflete adequadamente o valor da EDP e que o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do setor.
No relatório à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), lê-se que "o prémio implícito no preço oferecido encontra-se significativamente abaixo do que é a prática em transações em dinheiro no setor europeu das 'utilities', no mercado ibérico e mais genericamente no mercado europeu, em casos em que o oferente adquire controlo".
Em 11 de maio passado, a China Three Gorges (CTG) anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, cujo pedido foi registado junto do regulador na passada sexta-feira, sem alterações ao preço oferecido inicialmente.
"Uma vez que a oferta se encontra condicionada à aquisição de controlo sobre a EDP (condição de eficácia correspondente à aquisição de 50% + 1 direito de voto), deveria incorporar um prémio de alteração de controlo em linha com as transações precedentes acima referidas", defende o Conselho Executivo, liderado por António Mexia.
No relatório é realçado que "o preço, prémio e múltiplos da oferta da CTG encontram-se abaixo das métricas comparáveis da aquisição pela CTG de uma participação minoritária na EDP na privatização de 2011, apesar de a oferta ter como objetivo a aquisição de controlo e de ter havido um a melhoria significativa do contexto macroeconómico e de mercado".
Isto é, o preço agora oferecido pela CTG, que é atualmente a principal acionista do grupo, é inferior ao pago na aquisição de 21,35% do capital em 2011: "A contrapartida da oferta de 3,26 euros encontra-se abaixo do preço da privatização de 3,45 euros por ação oferecido pela CTG em 2011 por uma participação minoritária no capital da EDP".
O Conselho Executivo considera ainda que há elementos constantes da oferta que "necessitam de clarificação antes do período de tomada de decisão pelos acionistas de forma a suportar a mesma, nomeadamente a condição de obter 50% + 1 direitos de voto da EDP".
Em concreto, reclama que sejam incluídos "outros compromissos chave apresentados", nomeadamente identidade, 'corporate governance' para assegurar uma proteção adequada dos acionistas minoritários, estratégia financeira e uma política de dividendo estável e um 'dividend pay-out' não inferior ao que foi divulgado pela EDP, novos mercados, tais como o mercado eólico 'offshore' chinês, entre outros.
Três dias após o lançamento da OPA, a EDP -- Energias de Portugal tinha considerado que o preço oferecido pela CTG para adquirir a elétrica portuguesa era baixo, numa nota enviada ao mercado.
A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.
Caso a OPA sobre a EDP tenha sucesso, a CTG avançará com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (EDPR) a 7,33 euros por ação.
A EDP controla 82,6% do capital social da EDPR, que tem a sua sede em Madrid.