20 jun, 2018 - 21:53 • Sandra Afonso
O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, diz que o desemprego está controlado e deixa claro que nos Estados Unidos os juros vão continuar a subir.
Jerome Powell falava no Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que terminou esta quarta-feira, em Sintra.
“A verdadeira questão é saber qual a política certa a aplicar. Se olharmos para a economia, no caso dos Estados Unidos, que cresceu bem acima da tendência, com o desemprego nos 3,8%, a inflação a aproximar-se do objetivo e os juros nos 0%, talvez 100 pontos base abaixo da média estimada como neutra, o que isso pede, no nosso entender, é a continuação do aumento gradual dos juros”, defende o presidente da Reserva Federal.
O governador do Banco Central da Austrália também esteve em Sintra. Philipe Lowe disse que, quanto aos aumentos salariais, todos concordam que são necessários e chegou a hora de pagar mais, mas esperam que seja a empresa do lado a fazê-lo.
“Eu não estou a tentar falar diretamente com os proprietários neste tema, mas com os empresários. Temos o banco central a pedir aumentos salariais, os líderes políticos do centro direita a pedir aumentos salariais, os líderes da comunidade empresarial a pedir aumentos, mas não acontece. Os empresários até concordam, na teoria, com uma subida de 2 ou 3 pontos, mas não nas empresas deles. Recusam porque estão preocupados com a concorrência. O que estou a tentar fazer, ainda não sei se terei sucesso, é coordenar esta questão, convencendo-os que não há problema pagarem mais três pontos, se se tornar a norma”, declarou o banqueiro australiano.
O presidente do BCE, Mário Draghi, admite que a reposição salarial está demorada, mas a situação vai estabilizar.
“Os salários não estão a responder tão rápido como estamos habituados por causa do desaparecimento dos acordos comerciais. Em alguns países tinham muito peso e há uma combinação de fatores que se alterou. Mas onde quero chegar é que isto é passado, o futuro será diferente. Estamos convencidos que vamos regressar a uma relação mais estável, com condições laborais previsíveis”, afirmou Draghi.
O Fórum de Sintra não terminou sem discutir a atual guerra comercial. Todos os bancos centrais presentes mostraram-se preocupados com as repercussões que poderá ter esta escalada de taxas e taxinhas. Desde a Europa aos Estados Unidos, passando pelo Japão e Austrália, ninguém se mostra otimista.