25 jun, 2018 - 14:24
A Harley-Davidson tem em marcha um plano para deslocalizar o fabrico de algumas das suas motos para fora dos Estados Unidos, em resposta às novas taxas alfandegárias impostas pela União Europeia sobre quase 200 produtos norte-americanos que os Estados-membros importam ao país.
Num relatório apresentado esta segunda-feira em bolsa, a empresa norte-americana diz que as novas taxas retaliatórias da UE, impostas em resposta às tarifas que Donald Trump decidiu impor sobre todo o aço e alumínio exportado pela UE para os EUA, vão fazer subir em 2200 dólares (cerca de 1880 euros) o preço médio de cada motociclo exportado para a Europa.
Contas feitas, a Harley antecipa que os custos com essas exportações vão subir 100 milhões de dólares (cerca de 85 milhões de euros) nos próximos anos. Por esse motivo, e para mitigar os prejuízos de longo prazo nas suas receitas, a empresa quer passar a fabricar as motos para exportação em instalações internacionais e não nos EUA.
"A Harley-Davidson antecipa que aumentar a produção nas suas fábricas internacionais vai exigir mais investimento e [o processo] pode levar entre 9 e 18 meses a ser finalizado", informa a empresa no comunicado.
A decisão representa um duro golpe para as políticas da administração Trump. Desde o início, o Governo federal norte-americano tem defendido que a imposição de tarifas aduaneiras aos aliados e parceiros comerciais é necessária para aumentar o número de postos de trabalho nos EUA, isto apesar de inúmeros economistas alertarem que, no médio e longo prazo, a estratégia pode redundar precisamente no contrário.
Quando as taxas europeias sobre produtos importados dos EUA entraram em vigor no final da semana passada, o Presidente norte-americano ameaçou a Europa com uma nova tarifa de 20% sobre todos os carros exportados do continente para o território norte-americano.
Não é, para já, claro onde é que a Harley-Davidson pretende reforçar a sua produção fora dos EUA, embora seja previsível que isso venha a ter um forte impacto negativo sobre o mercado laboral norte-americano. Só em 2017, 40 mil veículos motorizados da marca foram vendidos à Europa.