05 nov, 2018 - 19:56 • Cristina Nascimento
O pai da internet lançou na abertura da Web Summit, em Lisboa, a iniciativa “contrato para a web”. Tim Berners-Lee mostra-se preocupado com o atual momento da sua invenção.
“A web está num ponto crucial. Mais de metade da população mundial continua offline e está a desacelerar o número de novas pessoas a ligarem-se à net. Aqueles que estamos online estamos a ver os nossos direitos e liberdades ameaçados. Precisamos de um novo Contrato para a Rede, com responsabilidades claras e duras para aqueles que têm o poder de a tornar melhor”, disse Time Berners-Lee.
“Temos a obrigação de tomar conta das duas partes do mundo”, acrescentou.
Tim Berners-Lee recordou ainda que em 1989, quando criou a net, queria que esta fosse uma rede “universal”, que pudesse ser usada por todos e que estivesse na origem de “grandes feitos”.
“O sentimento geral era que a Humanidade ligada pela tecnologia seria mais comunicativa, mais pacífica e mais construtiva do que a humanidade desligada”, contou.
No entanto, depois "sugiram algumas preocupações", nomeadamente em questões como a privacidade e a segurança online.
Berner defende que está na hora de acautelar o futuro da internet e, por isso, avança com esta proposta de um “contrato para a web”.
O documento foi lançado na Web Summit mas já conta com a subscrição de 50 organizações, algumas das quais foram chamadas ao palco central do Altice Arena, entre as quais a Google e a França.
“Somos o primeiro país a assinar este contrato, porque tem tudo a ver com os nossos ideais”, explicou Mounir Mahjoubi , secretário de Estado francês para o Setor Digital, enquanto ao lado os ecrãs mostravam a bandeira francesa e a inscrição “Liberté, Égalité, Fraternité”.
O que é o contrato para a web?
O contrato para a web é um desafio lançado aos governos, empresas e cidadãos. Os seus signatários comprometem-se a cumprir vários princípios.
Os governos, por exemplo, devem garantir que qualquer pessoa tem acesso à internet e que esse acesso seja permanente. Os governos devem também respeitar o princípio fundamental da privacidade das pessoas.
As empresas devem garantir que não só o acesso à internet, mas também a um custo acessível. Devem respeitar a privacidade e dados pessoais dos consumidores. Devem também desenvolver tecnologia que apoie o melhor da humanidade e combata o pior da humanidade.
Quanto aos cidadãos, ao subscreverem este contrato comprometem-se a lutar pela rede e a ser criadores e colaboradores da internet. Devem também ser construtores de comunidades fortes que respeitem o discurso civil e a dignidade humana.