28 nov, 2018 - 13:17 • Sandra Afonso , José Carlos Silva
A carga tributária em Portugal aumentou, mas continua abaixo dos impostos cobrados em Itália e na Grécia. Os dados são do Eurostat, relativos ao peso dos impostos e contribuições sociais até 2017.
Em Portugal, aponta o gabinete de estatísticas da União Europeia, os impostos aumentaram três décimas no última ano, para 36,9%. Segundo o Governo, a carga fiscal deverá voltar a aumentar ligeiramente em 2018, prevendo-se uma descida em 2019.
Apesar da subida registada no ano passado, Portugal continua abaixo da média europeia, que em 2017 se situou nos 40,2% e que, nos países da Zona Euro, foi ainda maior, ultrapassando os 41%.
Com mais de 48%, França é o país da UE com maior carga fiscal, seguido da Bélgica e da Dinamarca. O valor mais baixo de impostos cobrados dentro do bloco europeu pertence à Irlanda.
À Renascença, o fiscalista Tiago Caiado Guerreiro ressalta que os impostos em Portugal são exagerados, sobretudo por não se ver para onde vão.
"Os impostos em Portugal são extremamente elevados, por várias razões. A primeira é que o imposto devia ter, por outro lado, o serviço ou os bens e nós temos muito poucos serviços do Estado e relativamente à utilização [das contribuições em bens como] autoestradas e múltiplas outras coisas pagamos imenso. Não há uma contraprestação, nós quase que deitamos o dinheiro para uma espécie de saco sem fundo."
Sobre Portugal estar abaixo de países como a Grécia e Itália, o especialista tributário aponta que os dados são compreensíveis e que a diferença devia ser ainda maior.
"O facto de estarmos abaixo de Itália tem toda a razão de ser e devia ser muitíssimo abaixo de Itália, porque os impostos têm a ver com o rendimento disponível. Ora um italiano tem um rendimento disponível muito mais elevado que um português, por isso se pagar um bocadinho mais de imposto não é grave para ele."
Na mesma entrevista à Renascença, Tiago Calado Guerreiro destaca que seria positivo se o Estado aumentasse temporariamente os impostos para corrigir as fragilidades económicas. Contudo, o fiscalista argumenta que tal seria impossível em Portugal, uma vez que o Estado é apenas um sorvedouro de dinheiro.
"O nosso Estado quanto mais impostos recebe mais gasta. Não há uma poupança, não há uma diminuição, por exemplo, vertical e intensa da dívida pública, não há nada dessas coisas que se poderiam transformar em melhorias da qualidade de vida das pessoas. O Estado, de cada vez que arranja dinheiro, arranja mais despesas para o gastar, é uma tendência natural do nosso Estado, e por isso quanto mais impostos tivermos mais vamos pagar."
[Atualizado às 17h00]