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Perderá dinheiro com carro a gasóleo? Ministro e ambientalistas dizem que sim, comerciantes que não

28 jan, 2019 - 17:33 • João Carlos Malta , Henrique Cunha

O ministro do Ambiente deu quatro anos até que os proprietários de carros a gasóleo sintam o efeito da desvalorização no bolso. Comerciantes falam de manipulação do mercado automóvel.

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O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, lançou o debate de forma incisiva: “Hoje é muito evidente que quem comprar um carro [de motor] diesel, muito provavelmente, daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”. As reações não se fizeram esperar. A Associação Automóvel de Portugal considera as declarações graves e fala de manipulação do mercado.

A polémica começou no domingo passado, com a entrevista do governante ao "Jornal de Negócios" e à Antena1 em que, além de citar a desvalorização das viaturas a diesel, Matos Fernandes avançou que, “na próxima década, não vai fazer sentido comprar um carro a gasóleo” porque os valores de aquisição de um carro elétrico vão baixar.

A ACAP (Associação Automóvel de Portugal) em declarações à Renascença diz que as afirmações do ministro estão a causar apreensão no setor, com vários concessionários a serem contactados por clientes com dúvidas.

Hélder Barata Pedro assegura que as declarações de Matos Fernandes "não correspondem à verdade do que é o mercado automóvel em Portugal e na Europa" e lembra que na "União Europeia existe legislação especifica sobre esta questão com novos níveis de emissões para os motores novos".

Manipular o mercado

A ACAP afirma que o diesel "irá continuar a ser uma opção do consumidor", embora "venha a perder percentagem face aos veículos elétricos".

Hélder Barata Pedro acusa, por isso, o ministro de causar apreensão e de tentar influenciar o mercado: “São declarações graves e que têm como objetivo condicionar o mercado”, afirma.

Ainda assim, a ACAP espera que as declarações do ministro Matos Fernandes não venham a ter um impacto particular nas vendas.

Ora, quem é detentor de uma viatura a diesel quer saber, afinal, quando é que este tipo de veículo irá desaparecer do mercado. Hélder Barata Pedro não tem uma resposta assertiva.

“Neste momento, ninguém na Europa está em condições de dizer como vai ser”, garante Hélder Barata Pedro que contudo garante que o “diesel é uma tecnologia que continuará a fazer parte da industrial automóvel nos próximos anos”.

Mudança brusca? Nada o faz prever

A Renascença ouviu também a Nissan, que faz da mobilidade elétrica uma aposta forte da marca nipónica.

“Nós somos líderes na mobilidade elétrica, para nós é o futuro”, começa por afirmar António Pereira Joaquim, relações públicas da Nissan.

“A transição será sempre gradual, não existe nenhuma disrupção prevista de que os carros a gasóleo deixem de ter valor”, explica.

Pereira Joaquim não define, no entanto, as declarações do ministro do Ambiente, como “alarmistas”. Mas sublinha que “o mercado dos veículos a gasóleo está a decair rapidamente, ao mesmo tempo que o mercado de gasolina e dos 100% elétricos estão a subir”, refere.

A mesma fonte diz que a velocidade da transição entre formas de mobilidade dependerá, sobretudo, de dois fatores: os preços dos carros elétricos e as leis que os governos forem aprovando.

Mas conclui que “nada nos faz prever que seja em meia dúzia de anos”.

Uma discussão em toda a Europa

Por outro lado, o ambientalista Francisco Ferreira, dirigente da Zero, afirma que “não temos dúvidas de que os veículos gasóleo no interior das cidades são a causa da ultrapassagem dos valores limite de dióxido de azoto”.

Francisco Ferreira fala ainda do aumento das condicionantes europeias para a circulação de carros a gasóleo e as restrições que poderão vir a ter nos centros urbanos de Portugal.

“O debate sobre os carros a gasóleo e a sua desvalorização é algo que a Europa toda está a discutir, e Portugal é dos países em que a sua percentagem é maior, mas está a descer”, conclui.

Os carros elétricos em Portugal valeram 1,8% do total de vendas do ano passado, apesar do crescimento que se tem verificado. Até ao final do ano passado, as vendas dos carros a gasóleo caíram quase 10%, em relação ao mesmo período de 2017.

Comentários
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  • carlos oliveira
    24 abr, 2019 08:44
    “Todos perdem dinheiro nos eléctricos”, diz Toyota 23/4/2019, 12:14285 2 A Toyota tem investido fortemente nos eléctricos, não a bateria, mas sim alimentados por células de hidrogénio. Um dos seus responsáveis vem agora afirmar que todas as marcas perdem dinheiro com eles. Toyota virou as costas aos eléctricos alimentados por bateria, a solução mais em voga, o que a deixou algo atrasada face a concorrência. Handicap que a marca tenta agora recuperar com uma ligação com a Panasonic, até aqui “casada” com a Tesla. No Salão Automóvel de Nova Iorque, o vice-presidente da Toyota nos EUA, Bob Carter, surpreendeu em declarações à Bloomberg, ao afirmar que “na electrificação, nós vemos uma oportunidade nos EUA, mas só lá mais para a frente”. E justificou o seu pessimismo nos veículos eléctricos ao dizer que “o preço médio de um veículo é de 34.000 dólares (nos EUA) e para muitos veículos eléctricos 34.000$ é apenas o preço das baterias Ninguém pode acusar a Toyota de não investir em força nos carros eléctricos, só que os japoneses sempre preferiram apostar nas fuel cells, ou células de combustível a hidrogénio, que juntando hidrogénio e o oxigénio do ar, produzem a bordo a energia de que necessitam. O fabricante vai apresentar ainda em 2019 a segunda geração das suas fuel cells, ele que é quem está mais avançado neste domínio, e já fez saber que espera melhorias consideráveis em termos de eficiência e custos. https://observador.pt/2019/04/23/todos-perdem-dinheiro-nos-electricos-diz-
  • Martins
    06 fev, 2019 LX 12:48
    Se os carros a gasóleo não vão ter valor em 2023 ou 2024 grande valor então o sr. Matos Fernandes deveria ser instado a explicar o que vai o governo fazer para preparar o país para essa "realidade". É que para que o carros alternativos (eléctricos) poderem ser alternativa teria que haver uma infra-estrutura de carregamento a ser instalada desde já. Isso está a acontecer com a dimensão necessária? E o que está o estado a prever em termos de tributação dos VE? Ou vai prescindir da receita que vem do ISP? Na minha opinião o ministro está deslocado da realidade portuguesa e quicá a confundir Portugal com a Noruega.
  • Cidadao
    05 fev, 2019 Lisboa 12:56
    Para os VE pegarem, terão de : 1º baixar de preço 2º haver postos eléctricos de abastecimento em qualidade e quantidade - e multas bem pesadas para quem estaciona abusivamente nesses lugares - incluindo fora das cidades 3º raio de ação nunca inferior a 500 Km e/ou estradas preparadas para carregamentos por indução 4º estacionamentos de predios publico, entidades oficiais e predios comuns todos com postos de abastecimento
  • João Oliveira
    02 fev, 2019 Loures 18:18
    O meu conselho é que,... para quem não tem € ou tem dúvidas quanto aos eléctricos que optem pelo menos por veículos a GPL Lpg GNV ou gasolina e se for preciso mais tarde adaptam para GPL ou GNV pois o Planeta os Animais e Humanos precisam Urgentemente!!!
  • naxo
    29 jan, 2019 lisboa 00:58
    Bem a censura na renascença continua.nao se pode chamar de incultos a qem não sabe nada do mundo em q vivemos???Para não ser desagradável espero q a contribuição para uma governação de extrema esquerda seja do vosso agrado.

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