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Auditoria entregue no Parlamento. “Sou totalmente contra achar-se que todos os que passaram pela CGD são culpados”

01 fev, 2019 - 15:05 • Marta Grosso com Lusa

O relatório será agora analisado pelos deputados. Informação sobre grandes devedores só deverá ser conhecida para a semana.

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O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, entregou, nesta sexta-feira à tarde, na Assembleia da República, a auditoria à gestão do banco público feita pela Ernst & Young (EY).

Paulo Macedo entregou o documento à presidente da comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, Teresa Leal Coelho, pouco depois das 14h30.

Nas declarações aos jornalistas, o presidente executivo da Caixa afirmou que “a única coisa que a este relatório foi retirado foi a parte do segredo bancário, feito pelos auditores”.

"Há toda uma parte de estratégia, parte comercial, de atos, de estrutura de custos, etc., que cada entidade deve preservar para si. A CGD optou por não o fazer e a única coisa que a este relatório foi retirado foi a parte relativa ao segredo bancário", afirmou.

Contudo, e no que diz respeito aos grandes devedores, a lista deverá ser conhecida em breve, dada a lei que o Parlamento quer fazer aprovar.

“Cumpriu-se a lei e o resto da informação será disponibilizada nos termos legais”, garantiu Paulo Macedo.

Macedo frisou também que, relativamente à auditoria à CGD, está em causa o interesse público e o interesse da instituição. “E também há um dano dos colaboradores da Caixa e do seu negócio. Isso afeta a Caixa e a motivação dos seus colaboradores", acrescentou.


Recorde ainda:



“Hoje há uma melhor governance”

Em resposta à questão de uma jornalista sobre a atual gestão do banco público, Paulo Macedo afirmou-se “totalmente contra achar-se que todas as pessoas que passaram pela Caixa são culpadas na praça pública”.

“De certeza que haverá más práticas e erros em termos absolutos, mas tentar que qualquer pessoa que passou pela Caixa tenha cadastro não é aceitável”, reforçou, acrescentando: “Tem que se apurar e fazer a diferenciação entre uma coisa e outra”.

O presidente executivo da CGD destacou depois o que de diferente a sua equipa tem feito. “Nós, há dois anos que fazemos conferências trimestrais com os jornalistas e os investidores com divulgação de todos os elementos”, começou por apontar.

Paulo Macedo diz que hoje a Caixa segue “critérios que nunca no passado houve e regras de risco sem paralelo”.

Por isso, garante, “há uma melhor ‘governance’ do que no passado”.


Lei sobre grandes devedores deverá ser a Marcelo na terça-feira

Nas declarações aos jornalistas, a seguir ao presidente executivo da Caixa, Teresa Leal Coelho, presidente da comissão de Orçamento afirmou que o diploma sobre acesso a informação bancária deverá ser remetido a Belém na terça-feira.

"Como já foi dito e já foi noticiado, o relatório está 'truncado' de matéria de segredo bancário, mas na próxima terça-feira muito provavelmente será remetida ao senhor Presidente da República a lei que nos permite ter acesso à informação sobre os grandes devedores. De acordo com o que o Presidente da República já disse, irá promulgar de imediato e a partir desse momento a Assembleia terá todas as condições para ter acesso à informação que está 'truncada' neste relatório", afirmou.

“Esta é uma primeira fase que para nós era fundamental”, acrescentou Teresa Leal Coelho, saudando que "finalmente" o Parlamento tenha tido acesso a este relatório depois de sete meses de insistência.

A entrega da auditoria no Parlamento surge depois de, na semana passada, ter sido divulgada uma versão preliminar do documento, datada de dezembro de 2017, que fez estalar a polémica devido à concessão mal fundamentada de créditos, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco da CGD.

Segundo o documento, administradores da CGD receberam "remuneração variável" e "voto de confiança", mesmo em anos com resultados negativos.

Teresa Leal Coelho considerou "lamentável" que tenha sido divulgada uma versão preliminar deste relatório, pela antiga deputada do BE Joana Amaral Dias no seu espaço de comentário na CMTV.

"Há muitas pessoas e empresas que ficarão com a chancela de que são devedoras ou estão na lista de imparidades, quando no relatório final não estão", frisou, considerando fundamental que a futura comissão parlamentar de inquérito "reponha a verdade" sobre o que se passou na Caixa.

A administração da CGD recusou, por duas vezes, a entrega do relatório à Assembleia da República, num primeiro momento invocando sigilo bancário e, numa segunda vez, o segredo de justiça.

Em 9 de janeiro, a comissão parlamentar anunciou que iria pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) o acesso ao relatório da auditoria feita à gestão da CGD entre 2000 e 2015, depois de o banco público ter recusado pela segunda vez o acesso.

Esta semana, o Ministério Público informou "nada ter a opor" que a CGD disponibilizasse ao Parlamento a auditoria.

CDS-PP, PSD, PS e BE chegaram a acordo para um texto comum sobre o objeto da futura comissão parlamentar de inquérito à CGD, partindo de uma proposta inicial dos democratas-cristãos.

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