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Novo Banco. “Parece brincadeira de carnaval. Isto não é a Venezuela”

02 mar, 2019 - 14:52 • José Bastos , Filipe d'Avillez

Duarte Pacheco, do PSD, diz que a recapitalização era previsível e que só devia surpreender o Governo, que “jurou a pés-juntos” que garantia nunca seria usada.

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A notícia de que o Governo vai injetar mais de 1.100 milhões de euros no Novo Banco mais parece “uma brincadeira de Carnaval”, diz Duarte Pacheco.

Em entrevista à Renascença, o deputado do PSD fulmina a decisão e diz que o Governo tem de dar uma explicação ao país.

“Quando o Governo alienou o Novo Banco, jurou a pés juntos, quer o Primeiro-ministro, quer o ministro das Finanças, que não haveria mais custos para os contribuintes e que uma eventual garantia do Estado para o fundo de resolução nem sequer estava prevista, portanto uma coisa não prevista nunca seria utilizada.”

“Neste momento já é o segundo pedido que o Novo Banco faz e já vamos quase em mil e novecentos milhões de euros. De todos nós, dos impostos que cada um de nós paga. E o Governo não dá uma explicação”, diz.

“Isto não é a Venezuela, em que o Governo faz o que quer, sem explicar ao Parlamento e aos cidadãos como é que gere o dinheiro de todos nós. E por isso nós requeremos, com caráter de urgência, entre este silêncio ensurdecedor do Governo e do Ministro das Finanças, a presença do senhor Ministro no Parlamento para dar explicações”, acrescenta.

O deputado mostra-se ainda admirado pelo facto de o Governo ter pedido uma auditoria às contas do Novo Banco e diz não ter dúvidas de que o faz apenas para desviar as atenções da nova recapitalização. “O Estado ainda tem 25% do capital do banco, mas ao que parece não tem exercido a sua posição de acionista, de tal forma que tem dúvidas sobre o que acontece no banco. Se fosse um banco totalmente privado, mas o Estado não tem 25% do banco? Não sabe o lá se passa, para ser precisa uma nova auditoria?”

“Significa que de facto este processo de alienação, feito pelo Governo do Dr. António Costa, foi uma alienação que não salvaguardou o interesse público e o interesse dos portugueses.”

Milagre económico esfumou-se

Duarte Pacheco sublinha ainda a ironia de que esta notícia surja na mesma semana em que Mário Centeno disse a enfermeiros e professores que não há margem para ir ao encontro das suas reivindicações salariais. “Como é óbvio, não bate a bota com a perdigota. O Governo gerou expetativas em toda a gente, que Portugal tinha vivido um milagre económico. Que tinha sido possível reduzir o défice, tinha sido possível distribuir rendimentos, tinha sido possível tudo e mais alguma coisa.”

“Claro, está à frente de todos os olhos que isto era uma nuvem de fumo, porque os grupos profissionais dizem 'então se é assim reponham-nos os salários, as progressões nas carreiras' e o Governo diz que não pode porque não há dinheiro. Nós perguntamos porque é que o investimento público está abaixo daquele que era feito em 2015 e o Governo diz que tem de estar porque não há dinheiro. Hoje pagamos mais impostos do que pagávamos no tempo da troika e o Governo diz que não pode baixar porque não há dinheiro, portanto o milagre económico era uma ilusão, era uma mentira.”

“As pessoas sentem-se enganadas e claro que esse nível de sensação de engano ainda se agudiza quando percebem que depois, para recapitalizar um banco há sempre dinheiro”, conclui.

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