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Organização Internacional do Trabalho

Novas formas de trabalho estão a gerar doenças até agora desconhecidas

18 abr, 2019 - 16:53 • Redação

Todos os anos morrem 2,78 milhões pessoas devido a acidentes de trabalho e doenças profissionais.

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As mudanças que o mundo do trabalho tem vivido estão a fazer emergir problemas de segurança e saúde até agora desconhecidos, alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT) num relatório divulgado nesta quinta-feira.

“Constatámos mudanças profundas nos nossos postos de trabalho e na forma como trabalhamos”, lê-se no documento. “Necessitamos de estruturas de segurança e saúde que espelhem essas alterações, a par de uma cultura geral de prevenção que incentive a responsabilidade partilhada”, afirma Manal Azzi, especialista técnica da OIT sobre segurança e saúde no trabalho.

Todos os anos morrem 2,78 milhões de trabalhadores devido a acidentes de trabalho e doenças profissionais. Mais de 370 milhões são vítimas de acidentes de trabalho não fatais, revela a OIT.

“Além do custo económico, devemos reconhecer o incomensurável sofrimento humano que causam estas enfermidades e acidentes. E são ainda mais trágicos porque em grande medida podem ser evitados”, acrescenta a mesma especialista.

No relatório “Segurança e saúde no centro do futuro do trabalho: Tirando partido de 100 anos de experiência”, que assinala os 100 anos desta organização, são apontadas quatro grandes forças transformadoras no mundo laboral – todas com potencialidade para serem melhoradas.

  • Tecnologia: como a digitalização, a robótica e a nanotecnologia podem afetar a saúde psicossocial e introduzir novos materiais com riscos para a saúde que não foram ainda tidos em consideração. Aplicada corretamente, pode contudo contribuir para a redução da exposição aos riscos profissionais, facilitar a formação e a inspeção do trabalho;
  • Mudanças demográficas: há níveis elevados de lesões profissionais na população jovem trabalhadora; por outro lado, é necessário assegurar métodos de trabalho e equipamento que garantam a segurança e a saúde dos trabalhadores menos jovens. As mulheres – em número crescente no trabalho – são mais propensas a trabalhar em formas atípicas de emprego e correm maiores riscos de sofrer lesões musculoesqueléticas;
  • Desenvolvimento sustentável e alterações climáticas: abrem espaço a riscos como a contaminação do ar, o stress pelo excesso de calor, a doenças emergentes, podendo levar a perda de postos de trabalho. Mas também serão criados novos empregos graças à economia verde;
  • Alterações na organização do trabalho: podem dar lugar a uma flexibilidade que permita que um maior número de pessoas entre no mundo do trabalho, mas também podem originar problemas psicossociais (como insegurança, redução da privacidade e do tempo de descanso ou uma perda de proteção social) e horários de trabalho excessivos.

Sugestões para melhorar

Com base nos desafios identificados, a OIT propõe seis áreas em que os responsáveis políticos e outros parceiros relevantes se devem concentrar:

  • Antecipar os riscos novos e emergentes para a segurança e saúde no trabalho (SST);
  • Adotar uma abordagem multidisciplinar;
  • Estabelecer uma maior relação com a saúde pública;
  • Melhor compreensão acerca dos assuntos relacionados com a SST;
  • Reforçar as normas internacionais do trabalho e a legislação dos países;
  • Potenciar a colaboração entre governos, representante dos empregadores e dos trabalhadores.

No relatório publicado nesta quinta-feira, a organização analisa ainda os seus 100 anos de existência, dedicados à melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho.

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