02 mai, 2019 - 15:49 • Redação
O presidente da Associação Comercial de Aveiro, onde se integram os produtores de sal marinho da zona de Aveiro, destaca as diferenças entre o sal agroalimentar, “um sal que por si já não é benéfico”, que é "higienizado e que perde uma série de referências”, e o sal marinho, “puro”.
Quando compara os dois tipos de sal, Jorge Silva fala num “contrassenso”, já que o sal que usamos para consumo é “higienizado” e, portanto, “perde uma série de teores que seriam interessantes para serem absorvidos pelo nosso corpo”.
À Renascença, lembra que há 50 anos a situação era completamente diferente. "Os nossos avós usavam sal muito mais benéfico na alimentação, que nós hoje em dia, os netos, não usamos, porque não compramos sal marinho.”
A conversa surge a propósito da medida divulgada nesta quinta-feira, de redução de sal, açúcar e gorduras “trans” em mais de 2000 produtos.
O presidente da Associação Comercial de Aveiro diz que o sal das prateleiras do supermercado, que nos habituámos a consumir, é mais limpo, mas apenas “de aspeto”. Em termos químicos, o sal agroalimentar perde teores químicos, como o iodo.
Quanto à qualidade e benefícios do sal marinho não tem dúvidas: é, “de longe”, melhor. Lamenta, porém, que o público português não o reconheça e pense o contrário.
“E depois há coisas muito curiosas e estranhíssimas, que é muita gente ter a noção de que é ao contrário. E aparecem casos muito estranhos, com pessoas que vêm comprar este sal para colocar na piscina e vão comprar o sal que não presta ao supermercado para pôr na sopa”, conta.
Uma coisa é certa: quando em excesso, qualquer sal é prejudicial para a saúde, diz Jorge Silva.
Quanto à medida hoje anunciada, o presidente da associação de Aveiro diz que os produtores da zona não serão economicamente afetados, já que têm “clientes muito definidos” que não são os mesmo que vendem o sal que “habitualmente comemos e compramos nos supermercados”.
Jorge Silva lembra que o sal marinho é essencialmente vendido para “a cozinha de excelência”, não por ter “mais pinta”, mas “porque faz bem e tem outro sabor”.
Em relação à produção de sal marinho em Aveiro, Jorge Silva lembra que nos últimos anos a maior parte das marinhas de sal, a produzir e extrair na área, desapareceu. As que restam, já se começam a focar também no setor turístico.
“Há 50 anos, existiam umas 200/250 marinhas de sal a produzir em Aveiro. Hoje em dia, existem 10 e muitas delas têm já um pendor turístico muito forte”, refere.
O facto de a produção ser tão reduzida, não permite que a indústria de sal marinho em Aveiro venha a lucrar com o corte de sal agroalimentar nos produtos, já que “não temos produção suficiente para alimentarmos os produtos”.