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Inquérito à CGD

Constâncio responde a Filipe Pinhal: "uma pessoa sem qualquer credibilidade"

12 jun, 2019 - 12:57 • Agência Lusa

Ex-governador do Banco de Portugal vai voltar a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à Caixa a 18 de junho.

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O antigo governador do Banco de Portugal (BdP), Vítor Constâncio, considera que as declarações feitas na terça-feira no parlamento pelo ex-administrador do BCP Filipe Pinhal são caluniosas e não têm qualquer credibilidade.

Numa nota enviada à agência Lusa esta quarta-feira, o também ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) acusa Filipe Pinhal de ser "uma pessoa sem qualquer credibilidade" e classifica as suas declarações como "calúnias", lembrando que o antigo responsável do Banco Comercial Português (BCP) já foi "condenado pelos tribunais criminais e em processos do BdP e da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários, por crimes cometidos no BCP".

Constâncio promete ainda responder às acusações de Filipe Pinhal em futuras intervenções públicas por considerar que as mesmas são falsas, "sem fundamento e sem factos."

Na terça-feira, durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Filipe Pinhal apelidou de "anómalo" o comportamento do Banco de Portugal (BdP) durante a 'guerra' pelo poder no BCP, e disse que só conseguia explicar o comportamento do governador com "desorientação".

"O tratamento do BdP ao caso BCP, não apenas no dia 20 e 21 de dezembro [de 2007], como toda a instrução, é completamente anómalo", disse aos deputados Filipe Pinhal.

Sobre o comportamento do então governador, Vítor Constâncio, Filipe Pinhal disse que o anterior líder do supervisor só poderia estar desorientado.

"Só o posso entender, numa pessoa habitualmente serena como Vítor Constâncio, com uma grande desorientação que estava justamente no dia em que ia começar o plano de ação para tomada do BCP", afirmou Filipe Pinhal.

O ex-administrador disse que foi um processo feito "às ocultas do país, do conselho superior do BCP, do conselho geral e de supervisão, do conselho de administração executivo".

Filipe Pinhal disse também que o então governador "correu" com ele por não ter concedido um crédito a José Berardo no BCP, e acusou o Banco de Portugal de ter "extravasado grosseiramente e ilicitamente as funções de supervisão".

"Vítor Constâncio virá aqui dizer que não houve implicação nenhuma, que uma coisa não tem nada a ver com outra, mas isso é a opinião de Vítor Constâncio", declarou Filipe Pinhal.

O gestor disse ainda não ter "conhecimento de que em algum país do mundo, entre os cinco bancos que dominam o mercado, fossem chamados os presidentes de dois desses bancos para decidir o futuro de um terceiro".

Anteriormente, o ex-administrador do BCP tinha descrito à deputada do CDS-PP Cecília Meireles a sucessão de acontecimentos, em que Vítor Constâncio e o seu vice-governador, Pedro Duarte Neves, pediram insistentemente informações sobre o caso das 'offshore' do BCP, que culminou com uma carta entregue por Pinhal, então presidente interino do banco, a 20 de dezembro.

Filipe Pinhal afirmou ainda que "o Banco de Portugal acompanhou a par e passo a vida do BCP, com pedidos insistentes de informação a partir de 03 de dezembro [de 2007], primeiro dia útil depois da denúncia", e "com igual atenção aquilo que em maio o Diário Económico publicava e o que o senhor Berardo dizia no jornal das 9 da SIC Notícias".

O ex-administrador do BCP disse ainda que a central de risco do Banco de Portugal teve conhecimento "caso a caso" das verbas de crédito concedido pela CGD "e a quem", e que "350 milhões de euros num dia só" [financiamento concedido à Fundação Berardo] é uma verba que "não é possível [...] que tenha passado despercebida" pelo supervisor.

Vítor Constâncio voltará a ser inquirido no dia 18 de junho na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da CGD, onde esteve em 28 de março, depois de ter sido noticiado que a sua administração no BdP autorizou o reforço de posição da Fundação José Berardo no BCP.

Comentários
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  • João Lopes
    13 jun, 2019 10:09
    Agostinho de Hipona (354-430): «Um Estado que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a um grande bando de ladrões». Apesar de tudo, temos boas razões para confiar na Justiça Portuguesa…
  • J M
    12 jun, 2019 Seixal 17:04
    "Zangam-se as comadres descobrem-se as verdades". Ainda não percebi para que servem estas comissões parlamentares; fraudes, roubo ou corrupção, cometidas pelos banqueiros e seus assalariados deviam ser investigados pela PJ.
  • José Pereira
    12 jun, 2019 13:40
    Dizer que uma pessoa, sem nenhuma justificação, não tem qualquer credibilidade não faz sentir nenhum. O que pode é provar se as afirmações são corretas ou não. Chegamos a este ponto, em que pessoas com cargos tão elevados na economia nacional tenham atitudes tão rasteiras... mas já não estranhamos.

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